Estudo aponta
que ciúmes têm explicação biológica
O ciúme tem uma explicação biológica que está na taxa de
serotonina no sangue, um neurotransmissor que também controla no cérebro
fenômenos como a fome, o dor e o humor, de acordo com uma pesquisa
realizada na Universidade da cidade italiana de Pisa.
O estudo foi feito por uma equipe de pesquisa da Universidade de Pisa
coordenada pelo neurologista e psiquiatra Donatella Marazziti, que
explicou hoje alguns detalhes do seu trabalho, que será publicado em
uma revista especializada em breve.
A serotonina, descoberta pelo italiano Vittorio Erspamer, é uma das
centenas de substâncias mensageiras que permitem que as células do cérebro
se comuniquem entre si.
Conhecida também pela sua ligação com o sonho, a serotonina é uma
substância chave para se entender as sensações de dor, de fome, a
secreção hormonal, a alegria e a depressão e, entre os remédios que
a controlam está o Prozac, que bloqueia a enzima capaz de frear sua
produção.
"Que o ciúme é um sinal de grande fragilidade e de grande
insegurança, os psicólogos já sabem há muito tempo, mas agora temos
provas de que é também um sintoma, a ponta de um iceberg",
garantiu Marazzitti.
Desta forma, o ciúme seria a manifestação de "uma
vulnerabilidade subjacente, que se desencadeia em função da verdadeira
tempestade bioquímica que pode ser uma relação sentimental".
O estudo não se refere ao ciúme mais comum e ligeiro, que afeta a
maioria dos indivíduos que experimentam esse sentimento, mas ao de 10%
que o sentem de maneira excessiva e quase doentia.
A pesquisa da equipe de Pisa se baseou no estudo do papel
desempenhado pela serotonina nos distúrbios obsessivos e compulsivos,
analisando o que ocorre em nível bioquímico nas pessoas apaixonadas.
Para isso, um grupo de 250 pessoas entre 25 e 30 anos foi submetido a
um questionário, que depois de analisado levou à conclusão de que dez
por cento dessas pessoas eram excessivamente ciumentas.
Dessas 25 pessoas,21 foram examinadas de forma mais profunda, e a análise
de seu sangue comprovou que os níveis de serotonina eram notavelmente
reduzidos.
Outro questionário e novas amostras de sangue confirmaram as conclusões
anteriores, e assim concluiu-se que "o ciúmes corresponde a uma
vulnerabilidade da personalidade, a uma fragilidade excessiva que pode
ser desencadeada por uma relação afetiva", afirma a doutora.
Em breve, a equipe começará um novo trabalho de pesquisa para
determinar com precisão os quatro tipos de pessoas ciumentas até agora
idendificadas como: depressiva, panicofóbica, obsessiva e paranóica.
Agência EFE
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