Estudos diferem sobre
risco cardíaco ligado ao mercúrio
Dois estudos divulgados na quinta-feira mostraram
resultados diferentes quanto ao fato da doença cardíaca estar ligada
ou não ao mercúrio, substância encontrada na maioria dos frutos do
mar.
Um estudo com mais de 1.400 homens verificou que os níveis de mercúrio
entre os que comiam peixe eram 15 por cento mais altos, e que isso
dobrava o risco de enfarte. Mas uma outra pesquisa, que acompanhou
33.737 homens por cinco anos, não encontroou nenhuma ligação entre o
mercúrio e a doença cardíaca.
Com isso, a dúvida ainda está em aberto, disseram Michael Bolger e
B.A. Schwetz, do Food and Drug Administration, agência norte-americana
que controla alimentos e remédios. Ambos os estudos estão publicados
na edição desta quinta-feira do New England Journal of Medicine.
Quase todos os frutos do mar contêm vestígios de mercúrio, e animais
marinhos maiores, como tubarões e peixe-espada, têm as quantidades
mais altas da substância que poluiu os oceanos.
Em uma pesquisa envolvendo pesquisadores de nove países liderada por
Eliseo Guallar, da Instituição Médica John Hopkins, em Baltimore, médicos
usaram amostras de unhas do pé para medir a taxa de mercúrio e de DHA
- um indicador do consumo de peixe - em 648 homens que haviam sofrido um
enfarte recentemente e em 724 homens que não passaram pelo mesmo.
Aqueles que sofreram enfarte tinham 15 por cento a mais de mercúrio nas
unhas, o que levou os cientistas a calcularem que homens com os níveis
mais altos de mercúrio eram 2,16 vezes mais propensos a ter um enfarte.
Eles concluíram que o peixe faz bem para o coração, mas as
quantidades de mercúrio aparentemente reduzem o benefício.
O estudo que mostrou resultados contrários analisou milhares de
dentistas, veterinários, farmacêuticos, optometristas, osteopatas e
pedicuros, sendo que 470 deles desenvolveram doença cardíaca após o
início do estudo, em 1986.
Cientistas liderados por Kazuko Yoshizawa, da Escola de Saúde Pública
de Harvard, verificaram que os níveis de mercúrio nos pacientes cardíacos
não eram maiores do que em homens sem problemas cardíacos. Para medir
as taxas da substância, eles também usaram unhas do pé. "Nossos
dados não apóiam uma associação entre os níveis de mercúrio e um
risco elevado de doença cardíaca coronária", concluíram eles.
Terra
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