Novo método detecta causador do mal de Chagas
TATIANA UEMURA
da Folha Regionais
O diagnóstico do mal de Chagas, doença sem cura e comum na América Latina,
ganhou mais rapidez e precisão com um método desenvolvido por pesquisadores da
Unesp (Universidade Estadual Paulista) e da USP.
A pesquisa começou há dois anos, com verba de R$ 12 mil da Fapesp (Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O método usa a corrente elétrica para diagnosticar a doença a partir de
pequenas quantidades de anticorpos do parasita causador da doença, o
microrganismo Trypanosoma cruzi, presentes no sangue das pessoas
infectadas.
Segundo a química Hideko Yamanaka, 49, da Unesp de Araraquara, que coordena o
grupo de pesquisa, os métodos mais usados até então eram o teste imunoenzimático
Elisa (da sigla em inglês), que diagnostica a doença por meio de radiação
luminosa, e a técnica de hemoglutinação, que usa um composto fluorescente.
O novo teste é feito com amostras do sangue dos pacientes, que são misturados
a um antígeno —uma substância do parasita que induz a reação de defesa do
organismo. Se a pessoa estiver infectada, os anticorpos contra o T. cruzi reagem
com o antígeno, e a reação química é detectada por um eletrodo e
transformada num sinal elétrico.
Ao contrário dos demais métodos de diagnóstico, que podem levar até duas
horas, o novo processo dura 40 minutos, o que facilita a repetição do exame,
se necessária, e o atendimento a um número maior de doentes.
Yamanaka não fala em valores, mas diz que será um método mais barato que o
Elisa e mais sensível, porque detecta a doença mesmo com pequenas quantidades
de anticorpos no sangue. Outra vantagem é que o novo teste pode ser feito em
temperatura ambiente, enquanto os testes convencionais são processados em
estufa.
Segundo dados da Fundação Nacional de Saúde, a mortalidade da doença de
Chagas é de 4,1 indivíduos para cada grupo de 100 mil habitantes. A doença
atinge cerca de 6 milhões de brasileiros, causando problemas cardíacos, como o
crescimento do coração.
Em processo de registro de patente, o novo método está começando a ser
negociado com indústrias que fornecem kits para análises químicas, diz
Yamanaka.
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