Acesso rápido à Internet seduz empresas de tecnologia

A Internet de alta velocidade tornou-se a sensação da CeBIT, a maior feira de informática do mundo, com fabricantes de equipamentos, operadoras de telefonia e consumidores adotando a tecnologia.

A empresa francesa de equipamentos de telecomunicações Alcatel afirmou em conferência que o acesso rápido e ininterrupto à Web, que decolou no quatro trimestre de 2002, somou dois milhões de novos assinantes em dezembro.

Companhias de pesquisa prevêem que o número total de assinantes vai subir para 100 milhões em 2003 em comparação com os 60 milhões do ano passado. No Brasil, havia cerca de 695 mil usuários de conexões rápidas com a Internet em 2002, uma alta de 67% em relação a 2001, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado IDC.

"Não há limites para o que podemos fazer com a banda larga", disse Serge Tchuruk, presidente-executivo da Alcatel, que produz equipamentos que transformam os cabos telefônicos convencionais de cobre em conexões de Internet de banda larga com tecnologia DSL.

"Voz, som, imagens e vídeo se unem, todos em um fluxo, e podem ser usados para a criação de novos serviços", disse Tchuruk.

Os preços estão caindo o suficiente para atrair um grande número de consumidores na América do Norte e em alguns países da Ásia. Na Europa, os valores da assinatura da banda larga também estão ficando mais baratos.

"Os preços da banda larga caíram abaixo dos 30 euros ao mês na Bélgica e Holanda", disse Matthew Nordan, analista de pesquisa de mercado na Forrester.

As conexões de banda larga permitem a transmissão de dados a 500 mil bits por segundo ou mais - cerca de dez vezes mais rápido do que uma linha normal de telefone - e ficam constantamente ligadas à rede, eliminando a necessidade da discagem.

Tchuruk estimou que as empresas de telecomunicação estejam ganhando cerca de 14 bilhões de euros por ano com a banda larga, o que é um começo para uma recuperação dos prejuízos com as comunicações de voz, onde a concorrência acirrada levou a uma guerra de preços agressiva.

Ainda há muito espaço para crescer, uma vez que a banda larga atinge apenas menos de 10% dos domicílios na maioria dos países do mundo.

Ainda assim, os executivos do setor admitem que a Internet de alta velocidade não será o suficiente para atrair mais consumidores. Tchuruk disse que mais de 30% dos potenciais novos usuários não ficaram convencidos a assinar uma conexão de banda larga apenas para ter acesso mais rápido a páginas da Web.

As empresas de telecomunicação e as companhias de TV a cabo podem começar a oferecer serviços como TV interativa, jogos e comunicações de vídeo, disse Gerard Kleisterlee, presidente-executivo da Philips Electronics, maior companhia de eletrônicos da Europa.

"A banda larga permitirá que as provedoras ofereçam novos serviços e produtos", disse Kleisterlee.

A Philips assinou uma aliança com a espanhola Telefónica no ano passado e produz um aparelho que toca música por meio de transmissões stream pela Internet (sem salvar o arquivo no disco rígido do usuário), um serviço oferecido pela Telefónica.

A Motorola também quer aproveitar a onda, e lançou na CeBIT um aparelho sem fio que baixa arquivos de música em MP3 do computador do usuário e os executa em um aparelho de som convencional.

As empresas de telecomunicações européias estão quase todas testando serviços de televisão interativa, disse Tchuruk, apostando nos programas sob encomenda.

A criação desses serviços enfrenta o obstáculo da dificuldade do controle dos direitos autorais, especialmente para filmes e música, o que vem impedindo a cooperação mais ampla entre estúdios de cinema, gravadoras e empresas de tecnologia.

"Esses fatores terão que ser resolvidos para que haja um real crescimento", disse o presidente da Alcatel.


 

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