Celular com câmera
é proibido em Seul
A expressão "vítima do próprio sucesso" vem
imediatamente à mente. Os celulares de pequenas dimensões e
equipados com câmeras já não são bem-vindos nos escritórios
das empresas de alta tecnologia da Coréia do Sul devido à
preocupação com espionagem industrial.
A Hyundai Motor, maior montadora de automóveis da Coréia
do Sul e uma das 10 maiores do mundo, teme que os novos
modelos de carros que desenvolve possam ser fotografados e
suas imagens transmitidas aos rivais.
"Estamos instalando detectores de raios-X na porta do
centro de pesquisa e desenvolvimento em Namyang, para impedir
a entrada de celulares equipados com câmeras, e também
instalamos um sistema que acompanha a localização dos
visitantes", disse Jake Jang, porta-vos da Hyundai, se
referindo ao complexo de pesquisa da empresa, perto de Seul.
"Trata-se de um assunto crítico para uma empresa como
nós, porque os celulares podem ser usados para espionagem,
como uma daquelas engenhocas que o agente 007 usa", disse
ele.
Em seu edifício sede, igualmente, as reuniões importantes
de estratégia, projeto e definição de cores são realizadas
sem a presença de celulares multifuncionais, de acordo com um
funcionário da Hyundai.
A Samsung Electronics, a terceira maior fabricante de
celulares do mundo e pioneira da tecnologia que permite a
instalação de uma pequena lente em um aparelho telefônico,
também os proibiu em seus escritórios e fábricas.
"É inevitável, por motivos de segurança",
disse um funcionário da Samsung que pediu que seu nome não
fosse mencionado. "Os celulares equipados com câmeras são
pequenos, e a qualidade das imagens é tão boa que poderiam
facilmente ser usados para espionagem industrial." A
Samsung, que controla 10% do mercado mundial de celulares, não
é a única fabricante de telefones que sofre de timidez
diante das câmeras.
A rival LG Electronics enfrenta o mesmo dilema, em um país
fascinado pela eletrônica no qual três quartos dos 48 milhões
de habitantes dispõem de pelo menos um celular. Durante o último
ano, os sul-coreanos compraram sozinhos mais de 4 milhões de
celulares com câmera e é comum ver nas ruas do país pessoas
fazendo fotos de amigos, de si mesmas ou de qualquer outra
coisa.
Na Coréia do Sul, onde as pessoas trocam de aparelho a
cada dois anos em média, cerca de um quinto dos aparelhos em
uso têm câmeras, afirmam fontes da indústria. Os últimos
modelos de celulares não somente trazem funções de comunicação,
mas também de vídeo, MP3, acesso à Internet e televisão ao
vivo.
"Um telefone celular pode até te mostrar o caminho
para chegar a seu destino, por exemplo, o posto de combustível
mais próximo", disse Lee Sang-chul, um empresário de 37
anos de idade que paga em média mensal de US$ 200 de conta de
celular.
Moon Ae-ran, uma dona de casa de 50 anos que mora em Seul,
também aproveita a conveniência de seu aparelho. Ela pode
acionar a lavadora de roupas e outros equipamentos de sua casa
pelo telefone celular enquanto está fora, fazendo compras.
"Como eu posso viver sem essa coisa?", pergunta Moon.
Reuters
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