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Internet
pode impulsionar imprensa escrita
A Internet, longe de ser uma ameaça para a imprensa escrita, é uma
ferramenta para seu desenvolvimento. A afirmação foi feita ontem, terça-feira,
por Jim Chisholm, representante da Associação Mundial de Jornais (WAN)
no encerramento do Quarto Congresso Brasileiro de Jornais e Segundo Fórum
de Editores, realizado em São Paulo.
Chisholm, que dirige um
programa da WAN sobre os jornais do futuro, afirmou que a imprensa escrita
deve se preocupar em colocar mais informações na Internet, sem medo de
perder com isso a tiragem de suas edições impressas. "A idéia de
que um site prejudica a tiragem é uma bobagem. O desafio dos jornais está
em adaptar-se à vida moderna", disse Chisholm numa palestra sobre as
possibilidades de diversificação e crescimento dos jornais.
Segundo Chisholm, um
jornal com visão de futuro deve ter uma página na internet, um serviço
de informação acessível a partir de telefones celulares e uma seção
virtual de classificados, porque cada vez é maior a procura por esses
serviços.
De acordo com ele, alguns
estudos demonstraram que enquanto o número de classificados na imprensa
escrita diminui entre 2 e 6% por ano, na Internet cresce a um ritmo de
30%.
Nesse sentido, destacou o
caso de uma empresa jornalística da Noruega que obtém 50% de seus lucros
por classificados na Internet, com a ressalva de que nesse país o uso da
rede mundial de computadores é amplamente difundido na população.
Chisholm também citou
como exemplo o jornal japonês Asahi Shimbun, que encontrou novas
possibilidades de lucros com a venda de serviços sobre resultados
esportivos, notícias e condições climáticas, entre outros, que podem
ser consultados por meio de celulares.
Na opinião de Chisholm,
experiências como essa podem ser aplicadas no Brasil, um país onde a
imprensa tem grandes possibilidades de crescimento, não só devido à
baixa circulação dos jornais, mas também por causa das regras do
mercado, que são mais flexíveis que as de muitos países europeus.
O representante da WAN
acrescentou que enquanto no Brasil, com 170 mihões de habitantes, um
jornal de tamanho médio tem uma tiragem de cerca de 23 mil exemplares por
dia; no Japão, com uma população de 130 milhões, chega-se a vender 700
mil exemplares diários.
"O nível de circulação
dos jornais no Brasil é muito baixo para o tamanho do país. É recomendável
incentivar o público jovem a ler a imprensa", disse.
Organizada pela Associação
Nacional de Jornais (ANJ), que reúne 125 diários brasileiros, a reunião
também contou com a participação do diretor do Master em Jornalismo
para Editores da Universidade de Navarra (Espanha), Carlos Alberto di
Franco, para quem os jornais devem se preocupar mais em preservar seu
conteúdo e seus valores. "Um bom jornal se vende por seu conteúdo,
não pelas promoções ou presentes de CDs, que não criam leitores fiéis",
disse.
Di Franco afirmou ainda
que, embora o marketing domine a indústria da informação, a imprensa
deve dar ênfase a reportagens e informações de qualidade e, para tanto,
tem de investir mais em seu capital humano e proporcionar a seus
jornalistas um bom ambiente de trabalho. "Em alguns jornais, a sala
de redação é o lugar mais tenebroso da empresa; parece uma ante-sala do
purgatório", opinou Di Franco.
EFE
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