Cerca de
40% dos brasileiros têm mau hálito
Entre
35% e 40% da população brasileira sofre de halitose, problema que pode
ter cerca de 60 causas, como doenças sistêmicas e periodontais, distúrbios
intestinais, respiração bucal crônica, consumo freqüente de bebidas
alcóolicas, redução do fluxo salivar por uso de medicamentos, jejuns
prolongados, não uso do fio dental durante a higienização da boca e
presença de cáries grandes.
Segundo Olinda Tarzia, professora da Faculdade de Odontologia de Bauru
da Universidade de São Paulo, o primeiro passo para acabar com o mau hálito
é descobrir suas causas. "Geralmente, a halitose é o resultado de
vários fatores combinados, por isso é necessário fazer uma ampla
investigação para combater o problema", enfatiza a dra. Olinda.
Mas, além de afetar a auto-estima e motivar desconforto social, a
halitose pode ser um importante indicador de doenças mais sérias, que,
se não forem tratadas de forma adequada, podem levar a pessoa à morte.
"Os microorganismos que desencadeiam a halitose produzem, além de
odores, toxinas perigosas que, se caírem na corrente sangüínea, podem
até provocar parada cardíaca."
Normalmente, quem sofre de halitose sabe ou desconfia e passa a ter um
cuidado maior na escovação dos dentes, explica a dra. Olinda, por isso
muitas vezes é equivocado pensar que o problema esteja relacionado à
falta de higiene bucal. "Há pessoas que escovam os dentes mais de
dez vezes ao dia e permanecem com o hálito comprometido."
Além do odor desagradável, um dos sintomas mais comuns é a existência
da saburra lingual, camada esbranquiçada que se forma sobre a língua.
A saburra é o resultado do acúmulo de placa bacteriana, mas também
está relacionada a outras razões microbiológicas, que devem ser
diagnosticadas.
Procurar a orientação de um dentista é a melhor alternativa para
combater a halitose, mas há procedimentos simples, que contribuem para
atenuar o problema, como a remoção freqüente da saburra com o auxílio
de um limpador lingual, uso do fio dental todos os dias e utilização
de um enxaguatório bucal sem álcool.
Nesse último item, a dra. Olinda faz um alerta: "O uso contínuo
de enxaguatórios com álcool resseca a mucosa da boca e causa descamação
do tecido, processo que acaba alimentando os microorganismos responsáveis
pelo mau hálito."
O problema também é cercado de mitos. A halitose não vem do estômago,
embora o tipo de alimentação possa ter relação direta com o mau
cheiro da boca. O odor prolongado na boca de substâncias mais fortes,
como alho e cebola, está relacionado ao funcionamento do fígado e à
sua capacidade de metabolização. "Nem todas as pessoas que comem
pizza de alho, por exemplo, depois de várias horas exalam pela boca o
cheiro do condimento. Tudo depende do funcionamento do fígado",
explica.
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