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Sete
tipos de máquina do tempo
Ivan
Semeniuk *
Especial para a New Scientist
A teoria geral da relatividade de Einstein não só permite
que máquinas do tempo existam como "está completamente
infestada com elas", diz o físico Matt Visser, da Universidade
Victoria, em Wellington, Nova Zelândia. Visser compilou uma pequena
lista de oportunidades de viagens no tempo que surgiram desde que
Einstein nos mostrou como gerar uma curvatura no contínuo espaço-temporal.
Cada uma delas ameaça a lógica da relação de causa e efeito que
serve como fundação à própria física. Juntas, são uma galeria
de renegados que faz com que todo físico anseie por uma solução
definitiva para o problema das viagens no tempo.
O Universo de Gödel
A solução clássica do matemático Kurt Gödel para as equações
de Einstein descreve um Universo que gira rapidamente para resistir
à contração imposta pela gravidade. Um dos efeitos colaterais de
viver em um Universo como esse é que a luz viajaria em curvas, em
lugar de linhas retas. Um viajante poderia chegar antes da luz a um
determinado ponto, adotando uma trajetória mais curta e, depois de
uma jornada longa o suficiente, voltar ao ponto de partida antes
mesmo de ter saído.
Espaço-temporal de Van Stockum
Esse grupo contém uma família de cenários para máquinas do tempo
que se relacionam pelo seu uso de um cilindro denso e em rápida
rotação ou, alternativamente, uma corda cósmica rotativa -um
longo feixe de matéria de alta densidade remanescente dos primórdios
do Universo. A rotação distorce o contínuo espaço-temporal de
maneira que um viajante girando em torno do cilindro ou corda seja
capaz de seguir uma curva fechada de caráter temporal e voltar ao
passado. A dimensão do recuo dependeria do número de giros.
Buracos negros de Kerr
O tipo mais simples de buraco negro dispõe de uma singularidade de
densidade infinita, em seu centro. Os buracos negros Kerr são
rotativos, o que distende essa singularidade e a faz adotar um
formato de anel. Passando por esse anel da maneira correta, seria
possível viajar em direção ao passado. O problema é que não
existe maneira de escapar ao buraco negro. Um equivalente
pentadimensional, o buraco negro BMPV, permite curvas fechadas de
caráter temporal do lado de fora das fronteiras do buraco negro,
caso sua rotação seja veloz o bastante.
A máquina do tempo de Gott
Richard Gott, da Universidade de Princeton, sugeriu tomar duas
cordas cósmicas paralelas e fazer com que voem uma em direção à
outra, em alta velocidade, sem se chocar. Os viajantes que passassem
em torno das duas cordas quando estas estivessem próximas o
bastante poderiam se ver de volta ao ponto inicial de sua jornada.
Espuma espaço-temporal
Os físicos predisseram que na menor escala possível, cerca de 10-35
metros, a regularidade lisa do contínuo espaço-temporal
einsteniano se rompe em uma massa borbulhante de irregularidades
topológicas. Nessa micro-escala, viajar para frente e para trás no
tempo seria como galgar e despencar com as ondas de um mar
tempestuoso.
Os wormholes de Morris-Thorne
No começo da década de 90, Michael Morris, da Universidade de
Minnesota, e Kip Thorne, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech),
postularam que um wormhole -um túnel pelo contínuo espaço-temporal-
pode ser transformado em uma máquina do tempo se uma das pontas do
wormhole for girada em velocidade elevada e a seguir os dois
extremos forem aproximados de novo. Ao passar pelo wormhole e voltar
à entrada pelo espaço normal, um viajante poderia reviver o
passado. Um problema quanto a esse método é que matéria exótica
(dotada de energia negativa) é necessária para manter o wormhole
aberto.
Propulsão de dobra de Alcubierre
Dobras espaciais permitiriam obter um efeito semelhante ao dos
wormholes. O físico Miguel Alcubierre, da Universidade de Gales,
foi o primeiro a conceber esse tipo de máquina do tempo, em 1994,
enquanto investigava a plausibilidade de um motor de dobra espacial
ao estilo de "Jornada nas Estrelas". Em lugar de um túnel,
o espaço existe dobrado, e uma passagem em forma de fenda pode ser
criada para permitir viagens à velocidade superior à da luz entre
dois pontos. Um dos efeitos colaterais é que o motor de dobra
funciona também como máquina do tempo.
(*)Ivan Semeniuk é escritor e produtor do Discovery Channel, no
Canadá
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