Interpol
teme sofisticação da pedofilia online
Os pedófilos da Internet buscam cada vez com mais
desejo imagens de crianças submetidas a abusos sexuais
e isso poderia levar a uma "sofisticação":
sessões ao vivo de pornografia infantil, num sistema de
"pague para ver", com câmeas online. O temor
foi manifestado hoje por um alto funcionário da
Interpol.
Em uma entrevista à Reuters, o oficial Hamish
McCulloch também ressaltou o aumento da
"pornografia infantil virtual", com o uso de
gráficos avançados para criar imagens eletrônicas
muito realistas e pediu aos países em geral que
declarem a atividade como sendo um delito grave.
McCulloch afirmou que a produção de pornografia
infantil está continuamente se espalhando em todo o
mundo e que a idade das vítimas é cada vez menor.
Inclusive se chegou ao extremo de exibir abusos a
"recém-nascidos virtuais".
O maior acesso à tecnologia de banda larga está
alimentando a demanda por vídeos entre os membros de
redes de pedofilia pela Internet, de acordo com
especialistas. "Alguém pode se comunicar com seus
'amigos' em todo o mundo e dizer-lhes que entrem às 20h
- horário europeu - que haverá crianças", disse
o oficial britânico em uma entrevista durante a assembléia
anual da Interpol, que se realiza na Espanha. "As
pessoas podem enviar e-mails e bater papo em tempo real
em alguma sala de chat e dizer 'faça assim com a criança,
vamos ver isso'", acrescentou.
Ele afirmou que esta tendência por enquanto está
confinada a círculos privados de usuários da Internet,
mas que o próximo passo seriam sites comerciais nos
quais os pedófilos pagariam para manejar "câmeras
de Internet".
"As pessoas seriam convidadas para participar,
pagando para ver o abuso de uma criança ao vivo. Por
seu dinheiro terá direito a controlar a câmera por três
minutos, por exemplo. Tenho certeza de que isso vai
acontecer em um futuro muito próximo. Isto é muito,
muito perturbador", acrescentou McCulloch.
Pornografia "virtual"
O oficial disse que a "pornografia infantil
virtual" já era uma grande preocupação para as
autoridades ainda quando produzida eletronicamente e sem
vítimas reais.
As imagens eram tão sofisticadas que era difícil
diferenciá-las de imagens reais. Isso significa que
alguns países já tinham problemas para condenar os pedófilos
da Internet, porque os acusados podiam argumentar que
pensavam estar vendo material eletrônico virtual, não
real. "Fica difícil acusar (um suspeito) porque
você tem que provar que é uma criança real ali na
imagem", afirmou McCulloch. "O ciclo de
fantasias sobre o que se fará (...) sempre termina
envolvendo alguma criança", sublinhou.
As armas da Interpol para combater a pornografia
incluem uma base de dados de 150 mil fotografias, que os
especialistas escaneiam usando um software especial de
comparação de imagens para comparar vítimas ou
lugares.
As análises técnicas de vegetação e formação de
rochas em um conjunto de fotos da Escandinávia, por
exemplo, ajudaram a polícia a identificar um lugar e
conduziram os policiais suecos, noruegueses e da
Interpol, que desmancharam uma grande operação de
pornografia infantil em maio último.
McCulloch disse que as prisões aumentaram
drasticamente e que a quantidade de crianças vítimas
identificadas triplicou no último ano.
O oficial celebrou a recente decisão da Microsoft de
fechar as salas de chat freqüentadas por pedófilos e
pediu a outros provedores de serviços online que
apaguem as imagens abusivas que estão hospedadas em
seus servidores.
Mas também destacou que muitos países ainda têm
leis fracas e nenhuma delas ataca a pornografia
infantil. Por isso, assinalou, seriam intocáveis muitos
dos 26,5 mil pedófilos suspeitos de pertencer a uma
rede mundial descoberta pela polícia alemã na semana
passada (leia a matéria no link citado acima, à
direita).
Reuters
|