Vidro pode substituir cristal caro em lasers

Gota de metal levitando dentro do Levitador Eletrostático (ESL). O ESL usa a eletricidade estática para suspender um objeto (com cerca de 2 a 3 milímetros de diâmetro) dentro de uma câmara de vácuo, enquanto um laser aquece a mostra até ela se fundir. Isso permite que os cientistas registrem uma ampla gama de propriedades físicas sem que a amostra tenha contato com o invólucro ou qualquer instrumento, condições que alterariam as leituras. O Levitador Eletrostático é uma das várias ferramentas usadas no Programa de Ciência dos Materiais em Microgravidade da Nasa

Pesquisadores desenvolveram uma nova família de vidros que darão maior potência a pequenos pacotes em lasers e dispositivos ópticos e fornecerão uma alternativa menos cara para muitos outros vidros e cristais ópticos, como a safira. Chamados REAl Glass (de Rare-Earth Aluminum oxide, ou óxido de alumínio de terras-raras), os materiais são duradouros, constituem um bom anfitrião para átomos que melhoram o desempenho do laser e poderão ampliar o leque de comprimentos de onda que um único laser pode produzir atualmente.

Com o apoio da Fundação Nacional de Ciências (NSF), a Containerless Research Inc. (CRI), sediada no Parque de Pesquisas Evanston da Universidade Southwestern, em Illinois, desenvolveu recentemente o processo de fabricação do REAl Glass.

Agora a NSF está apoiando a companhia no desenvolvimento de vidros para aplicações em lasers potentes, lasers cirúrgicos, equipamentos de comunicações ópticas, materiais infravermelhos e sensores capazes de detectar explosivos e toxinas.

A CRI desenvolveu os vidros originalmente com verbas da Nasa. A pesquisa usou técnicas de processamento sem contêiner, incluindo uma instalação de pesquisa especializada - o Levitador Eletrostático - no Centro de Vôo Espacial Marshall, em Huntsville, Alabama. Com o equipamento da Nasa, os pesquisadores levitaram os materiais usando eletricidade estática e então aqueceram as substâncias a temperaturas extremamente altas. Nesse processo, os materiais ficaram completamente protegidos do contato com um contêiner ou outras fontes de contaminação.

"A pesquisa que levou ao desenvolvimento do REAl Glass envolveu a natureza e as propriedades de líquidos 'frágeis', substâncias que são muito sensíveis à temperatura e têm uma viscosidade [ou resistência ao fluxo] que pode mudar rapidamente quando a temperatura cai", disse Richard Weber, principal pesquisador da CRI nesse projeto.

O REAl Glass, assim como muitos outros vidros, é feito de um líquido super-resfriado. Isso quer dizer que o líquido resfriou com rapidez suficiente para evitar que seus átomos se organizassem, formando uma estrutura de cristal. Em temperaturas baixas, como a temperatura ambiente, os átomos são "fixados" nesse estado vítreo desorganizado. No REAl Glass, o vidro que sofre o processo também oferece um mecanismo para incorporar elementos de terras-raras de maneira uniforme. Essa qualidade torna o REAl Glass especialmente interessante para aplicações de laser.

Depois que os cientistas da CRI passaram vários anos fazendo pesquisa básica de líquidos frágeis, a NSF forneceu as verbas para desenvolver vidros patenteados e processos de manufatura proprietários, para combinar os componentes do vidro em quantidades comerciais e com um custo muito inferior ao da fusão por levitação.

Usando fusão em alta temperatura e operações de moldagem, a CRI está fazendo REAl Glass em bastões e chapas de 10 milímetros de espessura, estabelecendo uma base para uma produção barata em larga escala de produtos laminados e em bastão.

"Os produtos de REAl Glass são uma nova família de materiais ópticos", diz Weber, acrescentando que a CRI já está se reunindo com empresas para conversar sobre as exigências para aplicações de laser, janela infravermelha e outras aplicações ópticas, e fornecendo produtos acabados ou licenciando o material para utilização.

"A tecnologia REAl Glass combina as propriedades de materiais concorrentes em um material", diz Winslow Sargeant, executivo da NSF. "Com esses vidros os pesquisadores podem criar equipamentos de laser menores, devido à densidade de alta potência alcançada, e fornecer pequenos dispositivos de alta largura de banda para aplicações do emergente mercado de telecomunicações fibra-para-a-casa (fiber-to-the-home, ou FTTH)."

Como o vidro pode incorporar diversos elementos de terras-raras em sua estrutura, a CRI pode produzir os vidros para oferecer propriedades específicas, como sintonizar um laser através de vários comprimentos de ondas. A capacidade de sintonizar o comprimento de onda da luz pode ter importantes implicações para os lasers usados em procedimentos odontológicos e cirúrgicos, oferecendo maior controle em operações que envolvem modelagem ou cauterização da pele.

O Departamento de Pesquisa Científica da Força Aérea dos Estados Unidos está apoiando a pesquisa da CRI em aplicações, incluindo materiais para miras de onda infravermelha e sensores necessários para identificar substâncias químicas. A CRI também está continuando a pesquisa básica de líquidos óxidos frágeis, que segundo ela ainda oferece um grande potencial para gerar novos materiais e, em última instância, dispositivos ópticos.

 

Arquivo de Notícias>> clic

mais noticias... clic

 


e-mail

Copyright© 1996/2003 Netmarket  Internet -  Todos os direitos reservados
Melhor visualizada em 800x600 4.0 IE ou superior

Home