Autoridades procuram
bruxos para curar loucura
As autoridades do Conselho Regional Autônomo do Caribe procuram
feiticeiros para curar a loucura coletiva que atinge os indígenas do
povoado de Raití, ao norte de Manágua, publicou hoje o jornal La
Prensa.
De acordo com o jornal, a delegação do Ministério da Saúde de
Puerto Cabezas, capital do Caribe norte nicaragüense, enviou para Raití
no sábado passado uma brigada médica, pois existem cerca de 30 pessoas
loucas na localidade.
Esta brigada médica, liderada pela médica Florens Levy, viajou à
região "para obter uma melhor avaliação e conhecimento do caso,
que atinge há 40 dias os indígenas mískitos", segundo a fonte.
Os doentes já foram atendidos por equipes médicas, mas os
resultados foram negativos, embora a condição dos doentes seja grave,
cerca de 30 habitantes caminham nus pelas ruas, com machados na mão e
sem reconhecerem qualquer pessoa, afirma a fonte.
O presidente da Comissão de Saúde do Conselho Regional, Juan González,
disse ao jornal que "como os médicos não conseguiram fazer nada,
são procurados curandeiros conhecidos nesta região para ir combater o
mal".
Tais feiticeiros devem ser "bruxos bons", que, de acordo
com as crenças da área, não causam dano a pessoas com sua prática do
oculto, e se dedicam a desfazer "a maldade" de outros
feiticeiros.
O assessor da Comissão de Saúde, Eddy McDonalds, afirmou que
"não há remédio suficiente para eles (os mískitos atingidos
pela loucura coletiva), de nada serve enviar equipes médicas",
convencido de que a única cura só pode ser dada pelos "bruxos
bons".
McDonalds defendeu a contratação dos feiticeiros para prevenir que
a loucura coletiva se estenda para outras comunidades indígenas da zona
de Raití.
"Os atingidos têm os mesmos sintomas que os doentes de Krikin
(em 2002) e a cura são os curandeiros", declarou.
A notícia sobre a loucura coletiva em Raití foi comunicada às
autoridades por um morador do local, Gerardo Martínez, que disse ao
jornal que naquela ocasião não encontram "bruxos bons" para
levar até Raití para curar os moradores de Krikin.
Raití, cujos habitantes pertencem à etnia indígena "mískito",
está a cerca de 750 quilômetros ao norte de Manágua, no leito do rio
Coco, fronteiriço com Honduras, e é o segundo povoado da região que
sofre com loucura coletiva, depois de seu vizinho Krikin em 2002.
EFE
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