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Trote
high-tech é a nova mania britânica
Eric Brücher
Camara
O sujeito, dentro de um tranqüilo vagão de trem, falava em alto e bom
som no seu celular quando recebeu, no próprio telefone, uma mensagem de
texto alarmante: "Por favor, desligue o seu celular, este é um vagão
silencioso. Caso contrário, o cobrador vai lhe aplicar uma multa."
Constrangido, o conversador deixou o papo morrer enquanto, a poucos
assentos do dele, o executivo da TDK Systems, Nick Hunn, de 48 anos,
saboreava a sua vingança com um discreto sorriso.
Isso é BlueJacking, um
trocadilho em inglês com as palavras Bluetooth e hijacking (seqüestro),
a última mania entre os britânicos ligados em acessórios high-tech.
"O mais legal é ver
a expressão de surpresa no rosto das pessoas que recebem uma mensagem
inesperada sem saber quem mandou", diz a adolescente Ellie, de 13
anos, codinome internáutico Jelly Ellie, que chegou a criar um site sobre
o prazer de "bluejaquear".
Os "bluejackers"
usam os seus celulares de última geração equipados com a tecnologia
Bluetooth, que utiliza ondas curtas de rádio para transmitir informações,
para enviar mensagens anônimas e gratuitas.
O celular Bluetooth é
capaz de rastrear as suas imediações e detectar equipamentos compatíveis.
Daí, é só escolher um deles e enviar as mensagens usando a função
criada para passar cartões de visita entre celulares.
Qualquer usuário incauto
de celulares com Bluetooth é uma vítima potencial de uma nova modalidade
de "seqüestro". Os melhores locais para isso são estações de
trem, metrô e shoppings ¿ qualquer lugar com grandes aglomerações ¿ e
as utilidades podem ser variadas.
"Para azarar é ótimo.
Se você está de um lado da rua e vê alguém interessante com um celular
com Bluetooth do outro, é só mandar um torpedo dizendo que gostou dele
ou algo assim", diz Jelly Ellie.
Viking
A tecnologia que possibilita a brincadeira foi batizada pelos seus
criadores escandinavos, as empresas Ericsson e Nokia em homenagem ao rei
viking Harald Bluetooth, que levou o cristianismo aos países nórdicos.
A brincadeira está
conquistando cada vez mais adeptos de todas as idades na Grã-Bretanha e já
existem vários sites dedicados ao assunto. Jelly Ellie, dona do www.bluejackq.com,
concluiu recentemente uma pesquisa para descobrir a idade dos seus
visitantes. Dos 22 mil participantes, 82% disseram ter mais de 20 anos. A
maioria deles se concentra na faixa entre 20 e 30 anos.
Indonésia
Acredita-se que o bluejacking foi inventado na Indonésia. Na Grã-Bretanha,
a moda começou há mais ou menos um ano e não pára de crescer. "O
número de adeptos está crescendo aqui, e a coisa deve pegar mesmo quando
atingirmos uma quantidade suficiente de aparelhos. As pessoas gostam de
brincar com os seus celulares", afirma o executivo e "bluejacker"
Nick Hunn.
Calcula-se que cerca cem
milhões de unidades de celulares com a tecnologia Bluetooth tenham
entrado no mercado mundial no ano passado. Em outras palavras, a população
de potenciais "seqüestráveis" está aumentando
consideravelmente.
Mas e, se a pessoa não
quiser ter o seu celular "bluejaqueado"? Fácil, é só desligar
o Bluetooth.
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