Técnica mata células cancerosas e deixa as saudáveis intactas

Da Universidade de Illinois


Químicos da universidade de Illinois em Urbana-Champaign produziram uma molécula que mata seletivamente as células cancerosas da maneira desejada e deixa as células saudáveis virtualmente intocadas.

Embora encorajadoras, as descobertas não significam a iminência de um novo tratamento. Os experimentos básicos de laboratório foram feitos em placas de microtitulação, onde a substância foi simplesmente exposta a células de leucemia e linfoma e a células brancas saudáveis de ratos.

"É difícil dizer onde essa descoberta poderá se encaixar no quadro maior, mas o caminho que descobrimos é real e muito instigante", disse Paul Hergenrother, professor de química que dirigiu o estudo, financiado pela Fundação Nacional de Ciências.

O trabalho foi publicado na edição de 3 de dezembro do "Journal of the American Chemical Society". A substância, que é chamada de 13-D, já está sendo testada pelo Instituto Nacional do Câncer. A Universidade de Illinois pediu sua patente.

"O próximo grande passo seria mostrar que o composto funciona em um modelo animal", disse Hergenrother. "Estamos muito interessados na seletividade dessa substância, e agora estamos tentando localizar exatamente a que proteína-alvo esse composto se liga nas células cancerosas. Se conseguirmos isolar a proteína receptora, poderemos encontrar um alvo anticâncer totalmente novo."

Hergenrother e seus alunos de doutorado Vitaliy Nesterenko e Karson Putt fabricaram uma biblioteca de 88 compostos artificiais com base nas estruturas de certos produtos naturais. Três das substâncias mostraram uma capacidade significativa de matar células cancerosas. Essas três foram novamente analisadas para determinar se estavam matando as células cancerosas através de apoptose ou necrose.

A apoptose é desejável porque as células morrem de maneira programada e são simplesmente engolidas por outras células. A necrose é essencialmente uma decomposição acidental que resulta na disseminação de material celular, o que desencadeia uma reação antiinflamatória indesejável.

Descobriu-se que o composto 13-D tem o maior efeito destruidor do câncer e é o único que induz uma protease de cisteína conhecida como caspase-3, assim como pústulas na membrana celular e encolhimento da célula, os quais são sinais típicos de apoptose.

"Quando tivemos uma substância que matava através de apoptose, fizemos o experimento chave para ver se a substância induzia a morte celular de maneira seletiva, escolhendo as células cancerosas e não as células brancas do sangue, não-cancerosas", disse Hergenrother. "O composto 13-D mostrou virtualmente nenhuma toxicidade em relação às células T em divisão ativa, enquanto matou quase completamente as células de linfoma e de leucemia."

Esses resultados são positivos, porque muitas abordagens terapêuticas humanas atuais apresentam efeitos secundários indesejáveis, como anemia e graves problemas gastrointestinais.

Além disso, disse Hergenrother, se os processos biológicos puderem ser isolados talvez seja possível fabricar substâncias que não apenas incentivam a apoptose nas células cancerosas como também a inibem em células saudáveis, um benefício potencial para portadores de doenças de Alzheimer e Parkinson, em que muitas células morrem desnecessariamente.



Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
 

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