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Garoto
de ouro
Jovem do interior de São Paulo é o primeiro no
exame das principais universidades do País
Greice Rodrigues
O estudante que ficou em primeiro lugar nos exames da Unicamp e da concorrida
Fuvest e que de quebra foi aprovado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica
(ITA) – esse tido como o mais difícil do País – não é, como se imagina,
alguém que passa horas mergulhado nos livros. Nem tampouco é um sabe-tudo.
Raul Celistrino Teixeira, 17 anos, mora com a família na pequena Adamantina,
cidade situada a 600 quilômetros da capital paulista, e não abre mão de sair
com amigos, ir ao cinema, aos bailes e de ficar longas horas batendo papo no
computador. O jovem, que admite detestar gramática, se define como um
indisciplinado na hora de estudar. “Não tenho um momento certo e dedico
poucas horas a rever as matérias”, garante ele.
Raul optou por cursar física no campus da Universidade de São Paulo (USP),
em São Carlos (SP). Está um pouco ansioso com as mudanças em seu dia-a-dia.
“Por enquanto, pretendo morar no alojamento do próprio campus. Sei que vou
sentir falta da família, mas agora um novo mundo se abre para mim. E quero
aproveitá-lo bem”, diz. Hoje, Raul só divide o espaço da casa e as atenções
dos pais – o bancário Raul Teixeira e a dona-de-casa Liderci – com a irmã
de 12 anos, Ludmila, mas ele não considera isso um problema. “Faço amizades
muito facilmente e valorizo os meus relacionamentos”, completa ele.
Das três colocações, a que mais o empolgou foi realmente a da USP, notícia
que ele recebeu por telefone – um privilégio reservado apenas aos primeiros
da turma. “Sabia que tinha ido bem nas provas, mas jamais pensei que ficaria
em primeiro lugar. Quando o pessoal da Fuvest me ligou, não acreditei”,
conta. Entrar em uma das melhores universidades do País não é nada fácil,
mas Raul se diz acostumado a grandes desafios. Aluno bolsista do Colégio
Objetivo, ele já participou de difíceis competições, como as olimpíadas de
matemática, de física e de astronomia, realizadas por entidades nacionais e
internacionais. Essa última, realizada na Suécia no ano passado lhe rendeu uma
medalha de prata. “Sempre gostei de ciências exatas. Vou fazer a graduação
e me especializar para trabalhar com pesquisa”, planeja. Enquanto pensa no
futuro, Raul prepara um churrasco com a família para saborear a grande vitória
do presente.
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