Aparelhos
tudo-em-um podem cansar o consumidor
Dennis Nally costumava viajar levando um celular, um
computador de mão e um laptop. Hoje, o presidente do
conselho da empresa de consultoria norte-americana
PricewaterhouseCoopers leva consigo um pequeno aparelho
portátil que executa todas essas funções.
Seu Blackberry, o mais recente modelo da canadense
Research in Motion, combina celular e organizador
pessoal capaz de enviar e receber e-mails, apenas um
exemplo dos novos aparelhos que combinam recursos de
diversos produtos.
Os fabricantes desses aparelhos estão oferecendo
mais recursos e funções em seus novos modelos. Mas há
indícios de que certos consumidores preferiam a época
em que um telefone era só um telefone.
Todos os fabricantes de celulares agora oferecem
modelos com câmeras de vídeo e fotos, players de música,
organizadores pessoais e jogos. Os CD players portáteis
podem ser usados para videogames, em alguns casos.
E as ofertas não se limitam aos portáteis. No ano
passado, a Sony obteve destaque com o PSX, que por US$
940 combina um grande disco rígido para gravar
programas de TV e um gravador de DVDs para armazená-los,
além de um console Play Station.
Mas muitos dos "produtos convergentes"
abusam da paciência dos usuários. Por exemplo, muitas
das funções dos celulares são inúteis para as
pessoas comuns, diz Ben Wood, analista da Gartner
Dataquest. "O celular pode ser todas as coisas, mas
muita gente mal consegue usá-lo como telefone em
si", afirma.
Uma pesquisa do Yankee Group constatou que 30% dos
produtos para redes domésticas recém-lançados eram
devolvidos porque os consumidores não conseguiam fazer
com que funcionassem.
Richard Harper, pesquisador de interfaces de usuário
no The Appliance Studio, em Londres, diz que "em
sua maioria os consumidores são sensatos, ocupados e
racionais demais para aguentar os híbridos".
As operadoras de telefonia móvel dizem que os
consumidores usam apenas 10% dos recursos dos celulares
mais simples. Por isso, a operadora francesa Orange
decidiu ensinar seus assinantes a usar a Internet e
serviços de mensagem sem fio em seus celulares,
realizando 2,5 milhões de sessões de treinamento até
dezembro.
Ironicamente, é a complexidade dos novos produtos
que atrai os fabricantes de eletrônicos da Europa e Japão,
que esperam que os produtores chineses de baixo custo
tenham problemas para imitar os aparelhos convergentes.
Sony e Philips reconhecem que seus produtos
convergentes precisam ser mais fáceis de usar e vêem a
Apple como exemplo, com sua loja online de música
iTunes, o player portátil iPod e programas para gravação
de CDs em computadores.
Oren Ziv, diretor de marketing de software para a
Apple na Europa, diz que "o consumidor médio só vê
produtos que lhe são empurrados goela abaixo. Mas ao
gravar vídeos, ele já deveria estar pensando em mandar
cópias em DVD aos amigos e parentes. É preciso que o
sistema seja simples."
Reuters
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