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Telefone
ganha funções e vira terminal multimídia
A privatização das companhias telefônicas e o cumprimento
das metas de universalização impostas pelo governo
permitiram ao País ingressar na era da convergência, fase
em que as telecomunicações passam a ser compreendidas em
um mundo maior, o da tecnologia da informação (TI). O
telefone, tanto fixo quanto celular, deixou de ser útil
apenas para colocar pessoas em comunicação, e passou a se
constituir num terminal multimídia, em que a voz deixa de
ser o objeto principal e passa a ser apenas um dos formatos
de comunicação disponíveis.
Além de
falar e ouvir, o terminal é agora um meio de acessar a
Internet, colocando um mundo novo a serviço do usuário.
Basta fazer um download e se pode ter acesso ao serviço de
meteorologia, programação cultural, dicas de como chegar a
um certo endereço ou de como evitar o trânsito
congestionado. As telecomunicações continuam sendo o canal
para um sem número de serviços mas o telefone sem inteligência,
quando ele não está acoplado a um computador, vai ficando
cada vez mais restrito e defasado. É algo que a Telexpo, a
feira de telecomunicações que acontece nesta semana em São
Paulo, só vai evidenciar.
No ano
passado, os telefones vendidos pela Vivo, maior operadora
celular do País, permitiam em toda a sua totalidade o
acesso à Internet e ao tráfego de dados, afirmou Hilton
Mendes, diretor de inovação em terminais e plataformas da
empresa. Uma parcela considerável dos compradores talvez não
os tenha utilizado nenhuma vez para acessar sites ou baixar
arquivos de música, mas a operadora quis se certificar de
que, a partir deste momento, todos os seus clientes poderão
navegar e trafegar dados quando se sentirem atraídos ao
mundo da TI.
Os
fabricantes de equipamentos de telefonia (hardware), entre
os quais Nortel, Siemens, Ericsson, Lucent e NEC,
perceberam, depois do "boom" vivenciado no período
que sucedeu a privatização, que as vendas de plataformas
proprietárias básicas tinham encontrado o seu limite.
"O hardware se transformou em commodity, com abundância
de fornecedores e compra dirigida por preço, e o
diferencial passou a ser o software, disse Herberto Yamamuro,
diretor de negócios da NEC do Brasil.
Com algum
atraso em relação a mercados mais maduros de outros países,
as telecomunicações fixas locais também ingressaram no
mundo da TI. Hoje, os meios fixo e celular estão integrados
e a monitoração de sistemas e até de pessoas torna-se um
fato. "Uma câmera pode ser instalada na casa de um
idoso que mora sozinho para, na ocorrência de algum
movimento alterado, promover uma comunicação com o celular
do adulto responsável por ele", disse Silvio Maemura,
da NEC.
As duas
tecnologias aptas a prestar os serviços convergentes na
telefonia celular são o CDMA e o GSM. "A qualidade da
rede é essencial para levar o cliente ao hábito de acessar
a Internet e os serviços de dados. Sem qualidade ele se
desanimaria como aconteceu quando uma videocâmera foi
trazida da Ásia, há dez anos, e não teve a contrapartida
da rede, disse Mendes, da Vivo". A idéia era boa mas não
houve transmissão à altura", afirmou. Hoje, as
operadoras buscam incrementar ao máximo a oferta de
aplicativos para que os clientes usem e abusem dos novos
serviços. A Claro, controlada pela mexicana Telmex, que
acaba de adquirir a AT&T Latin America, ganhou a
facilidade de ter uma rede corporativa presente em cinco países
da América Latina para convergir serviços e programas,
disse Eduardo Corona, diretor para a América do Sul.
A
convergência entre telecomunicações e tecnologia da
informação chegou primeiro no mundo corporativo. Empresas
como a Embratel, Telemar, Brasil Telecom, HP e IBM estão
oferecendo serviços integrados a bancos, distribuidoras,
varejistas e indústrias de diversos setores. A Primesys, da
Portugal Telecom, adquiriu as redes de telecomunicações de
dois bancos em 2001, Unibanco e Bradesco, e a elas agregou
serviços de tecnologia da informação, como alojamento na
Web, data center, sinalização de conteúdo e outros.
Investnews
- Gazeta Mercantil
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