Computador ensina táticas de guerra a israelenses
 


Israel, alvo de críticas por suas táticas no combate aos militantes palestinos, está criando um programa de computador com vídeos realistas e filmes hollywoodianos para ensinar as regras da guerra a seus soldados.

Esse programa, pensado para orientar soldados na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, vai ensinar princípios de conduta para militares que enfrentam a rebelião palestina que começou em 2000.

"Nosso objetivo é atingir quantas pessoas for humanamente possível", disse Amos Guiora, comandante da escola de lei marcial do Exército, em entrevista coletiva na segunda-feira. "Isso não significa que amanhã não possa haver um incidente infeliz".

Israel sofre críticas de entidades de direitos humanos por sua atuação nas áreas palestinas. A Anistia Internacional acusou o Exército no ano passado de cometer abusos equivalentes a crimes de guerra, como execuções extrajudiciais, assassinatos de pessoal médico, bloqueio a ambulâncias, destruição ampla e intencional de propriedades, tortura e uso de "escudos humanos".

A Anistia disse também que os palestinos já mataram centenas de israelenses e que os atentados contra civis constituem crimes contra a humanidade.

Produzido há cinco meses, o novo programa de computador orienta os soldados, por exemplo, sobre atacar ou não um hospital que estiver sendo usados por franco-atiradores: eles podem fazer uma ofensiva, desde que garantam que não haverá danos a inocentes. Ensina também o que fazer se os militares suspeitarem que uma ambulância esteja sendo usada por "terroristas".

"O único objetivo do Exército israelense ao usar este software é reduzir as dificuldades para os palestinos e lidar com uma operação de segurança muito difícil de uma forma mais humana", afirmou David Baker, funcionário do gabinete do primeiro-ministro Ariel Sharon. "O Exército israelense é um Exército que se baseia em considerações humanitárias. Em áreas nas quais temos de melhorar, vamos melhorar", acrescentou.

O programa usa cenas de filmes de Hollywood, como Regras do Jogo, de 2000, e um trecho explosivo de Três Reis, sobre a Guerra do Golfo (1991), para mostrar como evitar baixas civis e alertar contra o uso de armas e munições não-autorizadas.

Em um cenário criado no programa, soldados percorrendo uma "rota perigosa" encontram uma pilha de pedras bloqueando o caminho. Eles temem que as pedras estejam disfarçando explosivos, mas são ensinados de que levará uma hora para que os especialistas em explosivos cheguem ao local.

Escudo humano
Nesse caso, os soldados temem ser alvejados e se perguntam se podem obrigar um pastor palestino a deslocar as pedras. "É proibido forçar um residente local a ajudar a remover um obstáculo", responde a voz computadorizada. "O uso de civis como reféns ou escudos humanos é estritamente proibido".

Guiora disse que o programa foi desenvolvido para comandantes de escalões inferiores, mas que também pode ser útil para soldados que estão se preparando para servir na Cisjordânia e na Faixa de Gaza pela primeira vez. "É algo positivo, mas não basta", disse Noam Hoffstater, porta-voz do grupo israelense de direitos humanos B'tselem. "O comandante médio está recebendo mensagens conflituosas, mas é óbvio quais são dominantes: mensagens que basicamente ignoram a dignidade humana dos palestinos".

O levante palestino, iniciado em setembro de 2000, já levou à morte 2.361 palestinos e 880 israelenses.
 
Terra

 

 

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