Senador dos EUA quer banir redes de troca de arquivos

da Folha Online

O presidente de uma comissão do Senado dos Estados Unidos disse na quinta-feira que é preciso proibir "urgentemente" as redes de compartilhamento de arquivos, como o Kazaa, Morpheus e eDonkey. Ele disse, entretanto, que vai trabalhar com companhias de tecnologia para evitar que elas sejam processadas injustamente.

Orrin Hatch, senador republicano do Estado de Utah, disse que ele pretende avançar com o "Induce Act", apesar das objeções de dezenas de provedores de internet e companhias do Vale do Silício (região do Estado da Califórnia onde se concentram várias empresa de tecnologia).

A lei diz que "qualquer pessoa ou empresa que intencionalmente induza qualquer violação" de direitos autorais pode ser responsabilizada legalmente pelas infrações.

Ele acrescentou, porém, que está disposto a ouvir sugestões dos críticos. "Se vocês nos ajudarem, nós podemos fazer a lei do jeito certo", disse ele ao site "CNET News.com". "Caso contrário, nós vamos prosseguir com o projeto. Alguma coisa precisa ser feita e não há jeito de solucionar o problema agradando a todos."

Responsabilidade

O "Induce Act" tem amplo apoio das gravadoras e de várias empresas de software, que vêm tentando combater a pirataria de músicas, jogos e aplicativos na rede mundial de computadores.

Caso seja aprovada, a lei vai derrubar uma decisão de 2003 de um juiz da Califórnia que diz que as redes de trocas de arquivos não podem ser responsabilizadas caso os usuários se aproveitem da tecnologia para violar leis.

Críticos da lei afirmam que ela pode tornar fabricantes de produtos eletrônicos, como a Apple --que produz o iPod--, responsáveis pelo uso de aparelhos para piratear conteúdo pela internet.

Até mesmo jornalistas, que escrevem resenhas sobre programas para troca de arquivos, podem ser processados de acordo com a nova lei, pois estariam "induzindo" o público a baixar material protegido por direitos autorais.

Menos apoio

A BSA (Business Software Alliance), que tem entre seus membros a Microsoft, a Apple e a Adobe, divulgou um comunicado no mês passado aplaudindo a nova lei. A organização disse que o Induce Act é "uma balança razoável entre inovação tecnológica e medidas antipirataria".

Na quinta-feira, porém, o presidente da BSA, Robert Holleyman, estava bem mais cético em relação aos efeitos da lei. Ele disse que o Induce Act só será aceitável caso seja reescrito "para garantir que apenas aqueles que favorecem a pirataria sejam responsabilizados".

Gary Shapiro, presidente da CEA (Consumer Electronics Association), sugeriu que o Senado espere até que as cortes decidam quais redes de trocas de arquivos são legais. "Até agora, eu não acredito que a legislação seja necessária, pois o prejuízo é muito maior que os benefícios", disse à "CNET".

Muitas empresas concordam com Shapiro. Em uma carta enviada no dia 6 de julho ao Senado, companhias como Google, Intel, MCI, Sun e Yahoo! afirmam que a lei "vai congelar a inovação e levar as empresas a investirem em tecnologia fora dos Estados Unidos.


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