Site
oferece biblioteca adaptada para cegos
Já não é mais necessário enxergar para poder conhecer as obras clássicas
e textos centenas de escritores. Trata-se de uma biblioteca
virtual que já dispõe de 36 mil textos em 111 línguas,
inclusive o português, que podem ser facilmente adaptados para os
deficientes visuais.
Segundo Rodrigo
Vergara, diretor da empresa Logos, idelizadora do projeto, a biblioteca
é, na verdade, para todos. Mas os textos são oferecidos no formato txt,
que permite que eles sejam transformados em relato oral com um simples
programa de leitura de tela ou um programa de conversão ao formato mp3.
Além disso, também é
possível escutar 1.422 textos - trechos de livros, contos, poesias e
relatos - gravados com voz humana em mais de 30 línguas. A biblioteca
virtual surgiu como fruto de um serviço de tradução. Antes do advento
da internet, Vergara teve a idéia de criar uma biblioteca eletrônica
que, a princípio, podia ser usada apenas por tradutores da Logos.
Variedade
Em 1995, a biblioteca
se tornou pública e, com a internet, os limites desapareceram. A idéia
era proporcionar, além da tradução, o contexto em que as palavras
podem ser usadas, e foi assim que a biblioteca, tal como existe hoje,
surgiu.
A variedade é imensa.
Em português, por exemplo, o internauta pode encontrar 2.031
documentos, que incluem, além de escritores brasileiros como Machado de
Assis e José de Alencar, obras de autores estrangeiros traduzidas para
o português, como do irlandês Oscar Wilde, por exemplo. "A idéia
é oferecer de tudo, mas, quando começamos, era muito difícil
conseguir os direitos autorais de alguns livros, então a gente acabava
publicando somente os clássicos", afirma Vergara.
O número de obras
disponíveis foi crescendo e passou a agregar também obras de autores
desconhecidos, que começaram a enviar seus trabalhos para o site.
"O site acaba funcionando como uma vitrine para pessoas que gostam
de literatura", afirma Vergara. "Então, na nossa biblioteca,
há lugar para textos que não são comerciais, que não interessam aos
editores", completa.
Línguas raras
Na biblioteca virtual
também é possível encontrar obras em línguas muito menos conhecidas,
como o quechua, por exemplo, língua do império inca e ainda usada por
comunidades indígenas nos Andes. "A única maneira de construir
uma biblioteca para idiomas tão minoritários, alguns que estão até
desaparecendo, é pela internet, porque não há custo", afirma
Vergara. "A idéia é tentar salvar essas línguas, tentar resgatá-las
e oferecer às pessoas que queiram aprendê-las pelo menos algumas
poucas obras."
Com isso surgiu a idéia
de realizar projetos em conjunto com alguns governos, justamente com o
objetivo de tentar salvar algumas línguas. No Chile, por exemplo, a
empresa está trabalhando em colaboração com o ministério da Educação
e com uma universidade para organizar uma biblioteca inteira na língua
mabuche. "O mercado é tão pequeno que ninguém se atreve a
publicar um livro em uma língua assim tão desconhecida. Então, o que
nós estamos fazendo é justamente tentando resgatar as culturas e os
idiomas latino-americanos", completa Vergara.
BBC
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