Homem
tetraplégico usa a mente para enviar e-mail
Hector Lima
Um homem tetraplégico conseguiu a façanha de enviar e-mails e controlar
games no computador com seu pensamento. Tudo graças a um chip que tem se
mostrado o implante cerebral mais sofisticado da atualidade.
O chip se chama BrainGate
(PonteCerebral) - menor que um centavo de dólar - e foi implantado
durante uma operação de três horas no córtex motor primário de um
homem de 24 anos que teve a espinha partida aos 21. Não foram
identificados problemas de cicatrização ou efeitos colaterais no sistema
neurológico.
Desenvolvido pela empresa
Cyberkinetics de Foxborough, estado norte-americano de Massachusetts, o
BrainGate tem 100 eletrodos que se conectam a um neurônio do paciente e
captam seus sinais cerebrais. Do chip os sinais percorrem um fio externo
até a base da cabeça do paciente e dali até um carrinho com um sistema
de computadores que processam os sinais.
Após um estudo de 20 seções
que durou dois meses, os idealizadores
do projeto constataram que o paciente conseguia movimentar o
cursor na tela e jogar "Pong" com 70% de acerto. O chip permitiu
ao paciente controlar também uma TV enquanto fazia outras tarefas como
falar e mexer a cabeça.
A empresa
planeja agora implantar o BG em mais quatro pacientes nas
mesmas condições com idades entre 18 e 60 anos. Após treze meses o
implante é retirado, mas se a pessoa concordar ser objeto de estudo
permanece com ele.
A concorrente Neural
Signals de Atlanta patenteou um método que lê a atividade
cerebral sem tocar nos neurônios. Seu chip fica logo abaixo do crânio,
sem tocar o cérebro. Outras equipes de pesquisa estão testando
tecnologias que não envolvam cirurgias invasivas e usam encefalogramas
para registrar os sinais do paciente.
Conforme a Cyberkinetics
essas tecnologias apenas dão uma idéia geral da atividade do cérebro e
seu método consegue traduzir mais sinais e de forma mais específica. Jon
Mukand, do Sargent
Rehabilitation Center em Rhode Island, disse que "o chip
pode teoricamente mapear 100 neurônios. É muito mais versátil e flexível
quando se pode pegar um número maior deles".
Já Stephen Roberts,
engenheiro da Oxford University na Inglaterra, é prudente antes de soltar
rojões. Ele declarou que "ainda temos de fazer algo que funcione em
larga escala e sem muito treinamento ao paciente. A maioria desses
aparelhos funciona bem em um pequeno grupo de pacientes, mas há muito chão
antes de se fazer (os chips) funcionarem com a população em geral".
A Cyberkinetics também
estuda no momento chips que estimulem os músculos dos pacientes, para que
possam aos poucos tentar se movimentar novamente.
Magnet
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