O crime eletrônico

O combate à violência é uma necessidade geral, não apenas no Brasil, mas no resto mundo. Os meios de que a sociedade dispõe nesta luta crescente e sem fim, são esquálidos e revelam-se impotentes para deter ou diminuir a onda de crimes que devasta a sociedade e ameaça cada um de nós.

Em linhas gerais, pode-se dizer que os meios de defesa crescem em progressão aritmética e os recursos da violência crescem em progressão geométrica. Um desses meios, que não inclui seqüestros, estupros, saques, arrastões e balas perdidas, é fornecido pela conquista da mais sofisticada e útil conquista da tecnologia: a internet.

Não é mole o que corre de violento e de boçal no correio eletrônico. Sem poupar a verdade, a honra alheia, a decência mínima que todo o cidadão deve cultivar, a internet está servindo como cloaca de ressentimentos, inveja, calúnias, impotência existencial, fracassos profissionais, constituindo-se numa mídia clandestina e irresponsável, onde vale tudo.

Bem sei que o assunto preocupa os responsáveis pela decência do novo e mais instantâneo meio de comunicação do mundo moderno. Mas torna-se cada vez mais difícil localizar e punir os criminosos eletrônicos. Houve o caso daquele rapaz, acho que das Filipinas, que deu um rombo no banco inglês onde a própria Rainha tinha conta. Foi identificado.

Recentemente, um hacker que caluniou o presidente da República parece que foi também localizado. São exceções, ainda.

Prevalece a impunidade, que estimula o crime em quantidade e malefício.

Os benefícios da internet são óbvios, numerosos e cada vez mais indispensáveis à vida moderna. Mas há que se encontrar um meio de impedir que a poderosa arma seja usada contra a sociedade civilizada que desejamos ser.


Carlos Heitor Cony
é romancista e cronista, é também colunista da Folha. Escreve para a Folha Online às terças

E-mail: cony@uol.com.br

 

 
 

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