Cientistas
desenvolvem avião abastecido com matéria orgânica de moscas
Os
desafios são ainda muito grandes e os cientistas envolvidos com o projeto sabem
que terão de trabalhar por mais alguns anos para que resultados importantes
apareçam. Mas a proposta ambiciosa já foi feita: criar pequenos aviões
robotizados que se alimentam em pleno vôo.
O grupo, formado por pesquisadores da Universidade do Oeste da Inglaterra e da
Universidade de Bath, enfrenta agora o problema da aerodinâmica do avião, que
terá cerca de 15 centímetros de comprimento e será equipado com câmeras e
sensores. A expectativa é que o equipamento tenha aplicações práticas tanto
no campo militar – reconhecimento de área – como na área civil –
controle de tráfego aéreo, por exemplo.
O principal problema a ser resolvido é fazer com o que o avião resista a
ventos fortes. Quanto menor o tamanho, mais frágil é a estrutura aerodinâmica
e menor a velocidade de deslocamento. Também é mais difícil manter a sustentação
no ar.
Os cientistas têm cinco projetos diferentes em andamento para tentar resolver o
problema. Um dos caminhos promissores está em imitar mecanismos que podem ser
observados na natureza. “Insetos e pássaros conseguem ser eficientes ao máximo.
Podemos tentar imitar os movimentos de suas asas, por exemplo”, disse Ismet
Gursul, do Departamento de Engenharia Mecânica de Bath e um dos coordenadores
da pesquisa.
O outro campo de preocupação dos pesquisadores também está envolvido com o
mundo dos organismos voadores. Para tentar fazer com que o pequeno avião, ainda
sem nome, consiga ter uma boa autonomia, sem a necessidade de recarga de
baterias em intervalos muito curtos, os pesquisadores idealizaram um sistema
para permitir que energia seja retirada de matéria orgânica. Ou seja, moscas
mortas serão usadas como combustível.
Na Universidade do Oeste da Inglaterra, um outro robô, o Ecobot II, já faz
isso, apesar de não voar. O equipamento funciona movido por células a combustível
que utilizam microrganismos para transformar em energia a matéria orgânica de
moscas mortas ou de frutas.
O Ecobot II funciona apenas dentro do laboratório de robótica da universidade
inglesa. Por enquanto, o robô, que pesa 1 quilo, move-se a apenas 30 metros por
hora. Ele também consegue transmitir por ondas de rádio dados coletados por
sensores a uma distância de 30 metros. Segundo Chris Melhuish, diretor do
Laboratório de Sistemas Autônomos Inteligentes da Universidade do Oeste da
Inglaterra, a questão da energia é essencial para o sucesso do projeto.
“Para retirar energia de algum lugar, sem necessidade de intervenção, poderíamos
usar fontes como a luz solar, por exemplo, mas, no nosso caso, optamos pela matéria
orgânica”, disse.
Para o avião movido a matéria orgânica ter sucesso, outro desafio deverá ser
resolvido. “A célula a combustível biológica terá que ser feita em um
sistema maleável, de modo a suportar o movimento nas dimensões do mundo dos
insetos”, disse Melhuish em comunicado da universidade.
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