Gates
fala do futuro do entretenimento digital
Stephen Cole
O fundador e presidente da Microsoft, Bill Gates, relatou, em entrevista
ao programa Click Online, da BBC, sua visão a respeito do que
chama de "estilo de
vida digital". Nesta primeira parte da
entrevista, ele explica porque acredita que o computador pessoal vai se
consolidar como centro desta nova tendência:
A última vez que
nos encontramos, há três anos, nós jogamos Xbox e eu ganhei do senhor.
O que mudou nestes três anos para a Microsoft e
para Bill Gates?:
Bill Gates:
Três anos atrás nós estávamos falando sobre a idéia do estilo de vida
digital. Sua música, suas fotos, sua TV, suas comunicações, tudo isso
seria diferente. E eu diria que isto está realmente se tornando a tendência
principal.
Nós apresentamos o Media
Center PC, que é realmente a nossa vitrine. Ele mostra como, com um único
controle remoto, você pode obter todas estas possibilidades,
e então nós
estamos garantindo que ele vai se conectar com as outras coisas,
seja um
telefone, um aparelho de música, um receptor de áudio.
E nós estamos criando um
número crescente de parcerias. Agora temos
literalmente centenas de
parceiros que estão fazendo coisas que vão se conectar com o ecossistema
do Windows, e o ápice disto tudo é o Media Center. Então foram três
anos muito bons para as inovações do estilo de vida digital.
O senhor pode
resumir qual é sua visão para o entretenimento digital?
Minha visão é de que as
pessoas devem ter a última palavra em conveniência. Devem ser capazes de
conseguir as coisas que elas queiram com os aparelhos
mais apropriados.
Então você tem várias formas simples de garantir a interface
dos usuários,
você tem que ter uma riqueza de programas de computador que
estão à
disposição e que englobam todos os elementos.
Formas de se comunicar, porque você quer enviar fotografias; a programação
de TV, porque você gostar de ver televisão; os últimos jogos
interativos, que estão sempre avançando de forma dramática. Você quer
que tudo isso seja muito holístico. Então o usuário pensa: "Ei, eu
só preciso sentar aqui e acessar tudo o que eu quero".
É isso que o sr. quer
dizer com computainment?
(nota da redação: fusão das palavras em inglês "computer",
computador, e "entertainment", entretenimento) Até agora
não foi um sucesso fantástico...
Bem, primeiro temos que
levar em conta a popularidade do PC na casa das
pessoas. Ela tem
continuado a aumentar, o PC é o aparelho-chave dentro
de casa. Então
estamos construindo sobre o isso e o sucesso que o
Windows tem lá.
Nós só começamos com o
Media Center há alguns anos. Agora, nestas férias, tivemos o dobro das
vendas que tivemos no ano passado. Estamos na casa
de 1,4 milhão de
unidades. Comparado com o total de PCs, ou de lares,
ainda é um número
bastante pequeno.
Bastante pequeno
mesmo.
Mas, na medida em que
estes aparelhos aparecerem, nós seremos capazes de duplicar as vendas
todos os anos por bastante tempo. E você sempre quer chegar aos lares de
vanguarda e daí começar a propaganda boca-a-boca, para as
pessoas verem
que apenas um controle remoto pode ensinar alguém a usar os menus
simplificados.
Mas o que lhe
convence que o PC vai ser este centro do entretenimento?
As pessoas não querem um
monte de aparelhos que só fazem uma função.
Elas não querem ter que
aprender como programar um equipamento para fotos, outro para música e
outro para vídeo. E você quer a riqueza, os gráficos que só o PC pode
lhe proporcionar.
Agora nós temos que
tornar muito fácil para configurar, temos que mostrar que
este tipo de
interface simples para o usuário pode ser fornecido aqui. O PC tem mais
programas, mais competição, mais riqueza que qualquer outro. Então,
tornando-o simples e rico, o PC será o principal equipamento.
E qual é a
importância da cooperação dos provedores de conteúdo?
Eu diria que é
extremamente importante. Eles estão entrando na era digital.
Estão
fornecendo conteúdo de acordo com as preferências das pessoas, estão
criando serviços por assinatura.
O que mais estamos vendo
são pessoas que trabalham na área de vídeo. Estamos agora vendo uma
parceria com a MTV, que tem muito conteúdo de grande qualidade. Eles vão
criar um serviço de música com seus vídeos e várias coisas muito
especiais.
Mas esta é uma
área complicada, a de gestão de direitos no mundo
virtual. O senhor não
tem medo de que isso possa se mostrar uma cilada?
Bem, certamente. Você
quer a conveniência mas também você quer pessoas que criem coisas que
tenham a alguma possibilidade de serem capazes de cobrar por estas coisas.
E nós estamos nos sentindo muito bem a respeito do diálogo que temos
tido por vários anos com as indústrias de conteúdo. Assim chegamos a um
balanço
correto e é por isto que você está vendo uma explosão na música
digital.
BBC
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