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Escritor aprisionado
tem trabalho publicado na Web
Um escritor da minoria étnica uighur, da China, aprisionado por um
conto alegórico que critica o domínio chinês em sua região, alcançou
uma audiência mais ampla esta semana quando seu trabalho censurado,
traduzido para o inglês, foi colocado à disposição dos interessados
na Internet. "Wild Pigeons" ("pombos selvagens"), de
Nurmuhemmet Yasin, um trabalho proibido na China, conta a história de
um jovem pombo que ignora os avisos da mãe sobre os seres humanos que
invadiram as terras dos pombos.
"A espécie humana nos está oprimindo, pouco a pouco, ocupando
o espaço que no passado era inteiramente nosso. Querem nos expulsar da
terra em que vivemos há milhares de anos, roubar nossa terra de nós",
diz a mãe ao pombo. A história termina com o jovem pombo, capturado
pelos seres humanos, comendo um morango envenenado para se suicidar.
"Os venenos do morango fluem através de mim como o som da
liberdade, bem como a gratidão por agora eu poder enfim morrer em
liberdade", diz o pombo.
Yasin foi detido em novembro passado, pouco depois de seu conto de
seis mil palavras ser publicado em uma revista literária local. Em
fevereiro, ele foi sentenciado a 10 anos de prisão por incitação ao
separatismo entre os uighurs, nove milhões dos quais vivem na região
de Xinjiang, uma área rica em petróleo e minérios, no noroeste da
China.
"Quando li a história original em uighur, imediatamente senti a
emoção de que era preciso traduzi-la e permitir que mais gente a
lesse", disse Dolkun Kamberi, que publicou sua tradução em www.rfa.org/english/uyghur/2005/06/27/wild_pigeon/
e anunciou que em breve publicaria uma tradução para o chinês.
"Creio que os leitores chineses vão adorar o texto, e espero que
os leitores de inglês também gostem dele, e todos vão se surpreender
que ao escrever essa pequena história o autor foi condenado a 10 anos
de prisão", disse Kamberi, especialista em arqueologia da Ásia
Central.
Kamberi dirige a programação em uighur da rádio Free Asia, uma
rede sem fins lucrativos patrocinada pelos Estados Unidos e que
transmite conteúdo em idiomas locais para países asiáticos sem mídia
independente como a China, Myanmar, Coréia do Norte e Vietnã.
Reuters
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