Orkut vive onda de "suicídios"
 


Primeiro, foi a febre para entrar. "Mas como, você ainda não está no Orkut?", perguntavam os internautas mais descolados. Todo mundo queria participar da rede de relacionamentos, arregimentar amigos, colecionar comunidades... Mas a onda passou, e o que se vê agora é o contrário: as pessoas estão caindo fora e os "orkuticídios" (cancelar seu perfil) estão se tornando cada vez mais comuns. Os motivos são vários e vão dos problemas causados pela exposição demasiada, da irritação com as constantes falhas e "buracos" do sistema até a simples falta de tempo para administrar recados, comunidades, novos amigos...

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Um bom exemplo dessa leva de "orkuticidas" é André Jung, baterista da banda Ira!. "Entrei convidado, meio sem saber o que era", contou ele em entrevista ao Terra Tecnologia. André entrou com seu perfil verdadeiro e começou a chover gente querendo ser amiga do músico famoso. "No início é um fascínio, encontra-se mil pessoas, é empolgante", disse. Dedicado, o baterista entrava no perfil das pessoas que o requisitavam: "Eu procurava ver se havia alguma afinidade, mas naquele ritmo de todos os dias foi ficando impraticável. Então, resolvi dar 'ok' pra todo mundo".

Também não funcionou. "A coisa se espalha que nem doença", diz André. "No fim, todo dia tinha um monte de gente querendo ser amigo, sem contar os recados..." O músico de 44 anos se viu, então, perdendo mais de uma hora todos os dias para administrar seu perfil. "E isso num momento da minha vida que não tenho tempo a perder". Foram seis meses no Orkut. "Virou um estorvo", define ele, lembrando também do funcionamento deficiente da rede de relacionamentos.

André conta que até mesmo o fato de abrir um canal a mais com os fãs, o que no início parecia ser uma boa iniciativa, deixou de contar como ponto positivo. Durante 24 anos, o baterista encontrava os admiradores nos shows, no camarim depois das apresentações e, eventualmente, era reconhecido na rua. "Com o Orkut, fiquei muito visível. Se a banda ia fazer show em determinada cidade, apareciam várias mensagens de gente dizendo que ia no show, ou depois, comentando. Começou a ficar meio 'over', e concluí que não preciso disso pra nada. Um belo dia falei: enchi". E matou seu perfil.

A produtora de eventos Júlia. S., 32 anos, achou que a rede de relacionamentos pudesse ser de grande ajuda no seu trabalho, para ampliar contatos. "Mas de repente fui percebendo que era uma coisa só de fazer número, sabe? Mostrar o monte de amigos que se tinha e tal." Outra coisa que a irritava profundamente era a dificuldade por causa das constantes falhas do programa. Então ela simplesmente apagou-se. "Não avisei ninguém, sumi e pronto. E não pretendo voltar", avisa.


 
Terra

 

 
 

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