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Sem
alarde, fundadores do Google visitam o Brasil
JULIANA
CARPANEZ
Folha Online
Os fundadores da empresa de buscas Google fizeram nesta
semana sua primeira visita ao Brasil, onde a companhia tem
um escritório desde o ano passado. Sem qualquer alarde,
Sergey Brin e Larry Page chegaram a São Paulo no domingo e,
ontem à tarde, participaram de uma entrevista coletiva que
seguiu este estilo discreto, sem muitas revelações.
A surpresa ficou por conta das camisetas amarelas que os
dois vestiam, bastante parecidas com a da nossa seleção. As
peças tinham a palavra Google estampada na parte da frente,
enquanto as costas mostravam o sobrenome do executivo que a
vestia.
"Queremos aprender mais sobre as operações no Brasil. Este
mercado é diferente de qualquer outro, muito mais social e
dinâmico", afirmou Brin em sua primeira viagem à América
Latina. "Viemos conhecer o escritório local, que tem a
equipe mais motivada e barulhenta do Google", brincou.
Em suas declarações, os executivos não falaram sobre
possíveis parcerias e descartaram ter vindo até aqui para
fechar novos negócios. Evitaram divulgar os próximos passos
--tanto no Brasil como no mundo--, mantendo um discurso
bastante generalizado.
"É complicado falarmos sobre o que estamos fazendo ou vamos
fazer, pois trabalhamos de uma maneira visionária, baseada
em muitas tentativas", justificou Brin.
Brasil
Em relação à visita, revelaram apenas ter conhecido na manhã
de ontem parte do o Grupo Cosan --produtora e exportadora
brasileira de açúcar e álcool. "Temos muito interesse no uso
de energia limpa e quisemos ver as iniciativas da empresa
neste sentido", continuou o executivo, referindo-se à área
do Google voltada para assuntos ambientais e de combate à
pobreza.
Brin elogiou o Brasil, "um ótimo lugar para viajar", dizendo
que é mais fácil trabalhar neste mercado do que em outros em
expansão, como China, por exemplo. Page fez coro, citando o
grande potencial do país e as muitas oportunidades
existentes por aqui.
Por motivos óbvios, eles não divulgaram as medidas de
segurança que tomaram no país, detalhes sobre seu roteiro ou
a data da partida --segundo a revista "Forbes", cada um
deles tem uma fortuna de US$ 11 bilhões. Segundo
funcionários do restaurante onde foi realizado o encontro, a
estrutura de segurança era "digna de filho de presidente".
Competição
Page criticou seus concorrentes quando questionado sobre a
possível ameaça que o Google representa a eles.
"Identificamos os problemas que os usuários enfrentam em
diversas áreas e trabalhamos para resolvê-los. A internet
oferece muitas oportunidades e tentamos aproveitá-las,
criando e melhorando serviços", afirmou.
Ele acredita que a concorrência pensa de maneira diferente.
"Eles olham para o Google, vêem que estamos ganhando
dinheiro e pensam: 'como podemos tirar um pouco deles?'"
Page classificou esta segunda alternativa como mais imediata
e fácil, já que exige menos pesquisas e tentativas. Se a
situação incomoda? "Para falar a verdade, estamos menos
interessados neles, do que eles na gente", desdenhou.
Além de estar na mira da concorrência, recentemente o
gigante das buscas virou alvo de grupos dos direitos
humanos. Eles
condenam a decisão da empresa, que concordou em censurar
o conteúdo oferecido aos internautas chineses. "Estamos
confortáveis com o que fizemos, pois agora mais pessoas
terão acesso à informação naquele país", disse Brin. "Mesmo
não tendo 100% dos resultados, este serviço será melhor do
que aquele oferecido anteriormente".
Negócios
Assim como acontece em outras nações, a empresa de buscas
decidiu abrir um escritório no Brasil em 2005 com o intuito
de fortalecer a venda de espaço para anúncios. "Muitos
conhecem nosso produto, mas ainda temos de educar o mercado
local para que possam obter vantagens com nossas soluções",
disse ontem Alexandre Hohagen, diretor-geral do site de
buscas no país.
Estes benefícios chegam às empresas e profissionais por meio
dos links patrocinados --eles permitem, por exemplo, que as
informações sobre uma loja de roupas apareçam quando o
internauta fizer uma busca por camisetas. Os links
patrocinados ficam no canto direito da página, e não se
misturam com os resultados "verdadeiros" oferecidos pelo
Google.
Além do escritório, a companhia tem um centro de pesquisa e
desenvolvimento em Minas Gerais, originado da compra da
Akwan Information Technologies. "Fizemos esta aquisição por
causa da competência dos funcionários da empresa. Queremos
ter os melhores profissionais do mundo, e nem todos eles
estão na Califórnia [sede do Google]", disse Brin.
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