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Banda larga
puxa crescimento da TV paga
ERNANE
GUIMARÃES NETO
colaboração para a Folha de S.Paulo
Os assinantes de TV paga chegaram a 4,22 milhões em março,
segundo levantamento apresentado ontem pela ABTA (Associação
Brasileira de TV por Assinatura) em São Paulo.
O crescimento da base de assinantes desde o primeiro trimestre
de 2005 foi de 11%, indicando um rompimento com um período de
baixo crescimento iniciado há cinco anos.
Desde 2001, o ritmo de crescimento da base de assinantes fica
abaixo dos dois dígitos (em 2002, caiu 0,96%). Pelos números da
ABTA, a base cresceu 8,84% em 2005. Um dos fatores para o maior
crescimento do setor foi a expansão dos serviços de banda larga,
que cresceram 25% no trimestre, chegando a 789 mil usuários.
Um estudo do instituto de pesquisa PTS, também apresentado
ontem, estima em 4,45 milhões os assinantes no fim deste ano. A
PTS, no entanto, usa uma metodologia de contagem diferente da
ABTA. Pela PTS, os assinantes de TV em março eram 4,11 milhões.
Questão de método
Segundo o diretor executivo da PTS, Otavio Jardanovski, a ABTA
"usa os números brutos de assinantes". Seu instituto descontaria
usuários temporariamente fora do sistema, por exemplo. Pelos
números da PTS, o crescimento do setor de TV paga nos 12 meses
findos em março foi menor -8%. Mantendo-se o ritmo de
crescimento da economia brasileira, a PTS calcula os assinantes
ultrapassem 6 milhões em 2010.
Para Jardanovski, o primeiro trimestre deste ano foi atípico:
"Surpreendentemente, o DTH [setor de TV via satélite, dominado
por Sky e DirecTV] cresceu muito pouco. Vamos ver o que acontece
no segundo semestre", disse, referindo-se aos efeitos da fusão
entre Sky e DirecTV, aprovada em maio pelo Conselho
Administrativo de Defesa Econômica.
Novos concorrentes
No próximo dia 1º, a ABTA realiza um congresso para discutir o
futuro do mercado, sobretudo com a convergência de tecnologias
-cujo expoente mais polêmico tem sido a TV digital. A crescente
clientela da TV paga concentra-se nos grupos Net (65% do "market
share" em março, segundo a PTS) e NeoTV (da TVA, com 23%), mas
emissoras abertas e teles podem entrar na competição com as
novas tecnologias.
Alexandre Annenberg, diretor executivo da ABTA, disse que
acredita na colaboração entre as empresas de ramos diferentes.
Entre os fatores de sinergia está a falta de capilaridade da TV
paga: mesmo afirmando que o cabo é "a melhor estrutura que
existe" para a interatividade da TV digital, Annenberg disse que
a estrutura das teles seria importante na implantação da nova
TV.
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