Brasil fica em 1º e 2º lugares em copa mundial de tecnologia

da Folha Online

Uma equipe da USP (Universidade de São Paulo) e outra da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) conquistaram, respectivamente, o primeiro e o segundo lugares em duas das seis categorias da Imagine Cup, torneio mundial de tecnologia promovido pela Microsoft. Os vencedores da competição, que terminou hoje em Nova Délhi (Índia) foram anunciados nesta sexta-feira.

A equipe da USP, formada por Roberto Sonnino e Eduardo Sonnino, da Escola Politécnica, venceu na categoria "interface design" com um projeto de interface chamado TransplantAction, que controla as necessidades para transplantes humanos.

Já o time da UFPE, formado por Carlos Eduardo Monteiro Rodrigues, Ivan Cordeiro Cardim e Madson Menezes Costa, ficou na vice-liderança na categoria "software design" com o projeto vEye ("Virtual Eye", olho virtual), um sistema portátil que ajuda os cegos a se movimentar.

Desde o início, o projeto dos alunos da UFPE --elaborado com a colaboração de associações de deficientes visuais-- vem dando frutos. O último deles foi ganhar o segundo lugar neste concurso e um prêmio de US$ 15 mil. No total, participaram 65 mil alunos de todo o mundo.

Realidade

Vestidos com a camisa da seleção brasileira de futebol e muito tranqüilos, os estudantes da UFPE apresentaram ao júri internacional o vEye e fizeram uma demonstração do funcionamento. Um dos membros da equipe tapou os olhos e caminhou guiado pelo inovador mecanismo vibrador instalado no pulso, que indica para onde a pessoa que não enxerga deve virar.

Os brasileiros ficaram muito satisfeitos com sua conquista e garantiram que continuarão "trabalhando no projeto com diferentes entidades de deficientes visuais". "Queremos transformá-lo em realidade", disse Cardim, afirmando que a idéia surgiu porque seu avô está ficando cego.

Durante a exposição do projeto, os rapazes falaram sobre o fato de haver mais de 160 milhões de cegos no mundo, o que os levou a elaborar esta solução que, segundo eles, "não é invasiva, é fácil de aprender e muito acessível". Segundo a equipe, o preço do protótipo foi de apenas US$ 200, "o que poderia torná-lo muito acessível caso seja colocado no mercado".

Eles garantem ainda que esse tipo de ferramenta poderia ser utilizado pela indústria para atrair consumidores com problemas visuais. Shoppings, por exemplo, poderiam oferecer a solução para facilitar as compras.

"Foi impressionante estar aqui. Isso se transformou em algo muito importante para nós, que, além disso, nos ajudou a entender os problemas dos cegos", disse Madson.

Os estudantes querem que o software seja livre e que todos possam utilizá-lo. O desejo dos brasileiros pode não estar tão longe assim: algumas empresas indianas interessadas no vEye já fizeram ofertas.

Além da recompensa econômica e do fato de terem ficado em segundo lugar em uma competição de alto nível, a Imagine Cup possibilitou que eles conhecessem a Índia, um país muito diferente do Brasil. "Tivemos a oportunidade de visitar o Taj Mahal. Foi o melhor lugar do mundo em que já estive em minha vida", disse Madson.

O argentino Leandro Doeyo, gerente regional de Relações Acadêmicas da Microsoft para a América Latina, ressalta com orgulho o "altíssimo nível de inovação que há na América Latina".

"Estou muito feliz de ver que o futuro da indústria local de cada país da América Latina aqui presente é brilhante em três coisas fundamentais: inovação, utilidade e empregabilidade", disse. "Na indústria da saúde, não há nada parecido com as aplicações apresentadas aqui. O que esses rapazes delinearam não existe no mundo real. Mas, além disso, não são aplicações teóricas. Elas podem começar a ser utilizadas hoje mesmo", disse Doeyo.

Com Efe

 
 

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