Claro, Brasil Telecom e Telefônica querem comprar TIM

 
JANAÍNA LEITE
da Folha de S.Paulo

A Telecom Italia recebeu duas propostas pela compra da TIM Brasil, segunda maior operadora de telefonia móvel do país. Segundo a Folha apurou, a primeira foi feita pela Claro, empresa do empresário mexicano Carlos Slim. A segunda resultou de uma parceria entre a BrT (Brasil Telecom) e a Telefônica, braço nacional da espanhola Telefónica.

Ambas as ofertas são voluntárias e estão sob estudo. Caberá ao vice-presidente da Telecom Italia, Cesar Buora, a tarefa de negociar a TIM Brasil.

A modelagem de negócio imaginada pela BrT e pela Telefônica prevê a cisão da TIM Brasil em duas. A BrT ficaria com a área que cobre São Paulo. À Telefônica sobrariam as regiões Centro-Oeste, Sul, Sudeste e Norte-Nordeste.

A divisão teria como objetivo impedir a sobreposição de licenças das áreas cobertas pela TIM e das áreas em que as possíveis compradoras já atuam. Facilitaria, portanto, os trâmites burocráticos da venda na Anatel.

Fusão

Mas por que a Brasil Telecom abriria mão de operar na região Nordeste e no Sudeste (leia-se Rio)? A resposta, disseram as fontes, pode estar na expectativa futura de fusão com outra operadora, por exemplo, a Telemar. Maior concessionária do país, a companhia já possui a Oi, braço de telefonia celular que atua nessas localidades.

Segundo a Folha ouviu de fontes próximas ao controle da Telemar, a fusão com a BrT interessa, sim --mas não agora. A empresa atualmente dirige todos os esforços para garantir a pulverização de suas ações. A operação será decidida pelos acionistas da Telemar na segunda-feira.

Caso a pulverização tenha sucesso, a Telemar pode incorporar a Brasil Telecom sem colocar dinheiro vivo no negócio. Basta, para tanto, a realização de uma troca de ações entre as duas operadoras.

Guinada

A decisão do Conselho Administrativo da Telecom Italia de sinalizar a venda da TIM Brasil representa uma mudança em relação ao que os próprios gestores da empresa tinham deliberado no mês passado e causou novo choque entre a operadora e os sindicatos italianos. As relações entre eles andam estremecidas desde setembro, quando foi anunciado um plano de reestruturação que desagradou ao governo de centro-esquerda e aos sindicatos --apesar da boa recepção pelo mercado.

O plano causou embate público em setembro entre Marco Tronchetti Provera, maior acionista individual da Telecom Italia, e o primeiro-ministro italiano, Romano Prodi. Tronchetti, até então presidente da operadora, afastou-se do cargo. No mesmo mês, 21 pessoas supostamente ligadas ao esquema de espionagem foram presas pela polícia italiana.

Sobre a venda da TIM Brasil, o líder sindical Emilio Miceli disse que "é um erro estratégico" e vai interferir nas projeções Telecom Italia. Para o sindicalista, a TIM está num mercado "promissor e de contínua expansão".

Conversas

No Brasil, o presidente da TIM Participações, Mario Cesar Pereira de Araújo, disse a agências internacionais ter conversado com representantes da matriz. De acordo com Araújo, ele ouviu a orientação de continuar tocando a TIM Brasil "da mesma forma", com vistas ao planejamento de 2007 a 2009.

Ele ressaltou que o fato de a Telecom Italia ter recebido as propostas "não significa que a empresa [TIM Brasil] será vendida". A princípio, não há um prazo predeterminado para a análise das ofertas.

A TIM Participações teve lucro de R$ 20,3 milhões no terceiro trimestre deste ano, uma melhora expressiva em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve prejuízo de R$ 308,4 milhões.
 

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