Celular se consolida como aparelho multifuncional

MARIANA BARROS
da Folha de S.Paulo

Esqueça aquele molho de chaves enorme pesando no bolso. Ao sair de casa, não é preciso levar muito mais do que um celular. Com cada vez mais funções embutidas, o aparelho assume o papel de chave mestra, abrindo as portas dos reinos da música, dos vídeos, dos canais de televisão, de câmeras fotográficas e filmadoras e até de cartões de crédito ou débito.

Novos e aprimorados atributos foram apresentados na semana passada na 3GSM World Congress, feira da indústria de telefonia celular realizada em Barcelona, na Espanha, entre 12 e 15 deste mês. O evento é voltado à tecnologia GSM, que junto com a CDMA disputa o mercado de telefonia celular.

O braço-de-ferro entre ambas, porém, vem pendendo cada vez mais para o lado da GSM. A tecnologia ganha reforço extra no Brasil, onde a Vivo, até hoje a operadora exclusiva de CDMA, anunciou o seu ingresso nas redes GSM. Além disso, o mercado nacional terá uma nova operadora, a Unicel, que recebeu aprovação da Anatel também para operar em GSM.

Chacoalhão

"Este será o ano da experimentação", afirmou Hamid Akhavan, chefe-executivo de uma das maiores operadoras de celular do mundo, a norte-americana T-Mobile.

"As pessoas ficam perguntando o que há de novo neste ano; o que há de novo é o modelo de negócios. As operadoras terão de atuar ativamente, pois o velho modelo já expirou", afirmou o executivo, apontando a trilha dos serviços como o rumo a ser tomado pelos novos celulares.

Além de silhuetas mais esguias, os celulares lançaram mão de outras armas de sedução, como sistemas de conexão à internet mais velozes e funções de micros de mão.

Nem bem a 3G, a terceira geração de celulares, com conexão de alta velocidade à internet, alçou vôo e o mercado já recebe novidades de 4G, a quarta geração, que promete vôos ainda mais velozes.

Último tango

Uma das prioridades da indústria é aumentar o ritmo da venda de canções para serem tocadas nos telefones portáteis.

Essa dança é, em boa parte, conduzida pelo anúncio, ocorrido no mês passado, do iPhone, da Apple, um híbrido de celular e do tocador iPod.

A boa aceitação da novidade fez com que várias fabricantes investissem em celulares musicais. O objetivo não é exatamente fazer com que os usuários se divirtam ouvindo mais canções, mas, sim, fazer com que gastem mais.

De acordo com Edgar Bronfman Jr, chefe-executivo da gravadora Warner Music, a venda de toques de campainha, músicas e vídeos para celulares movimentou US$ 9 bilhões em 2006. Segundo Bronfman Jr, se os serviços forem melhorados, é possível que a cifra chegue aos US$ 32 bilhões em 2010.

Para isso, é preciso também aquecer o mercado de celulares musicais. Estimativas dão conta de que apenas 8,5% dos donos de celulares possuem aparelhos capazes de tocar música.

Veja bem

Outro filão que vai ganhando força é o dos vídeos. De acordo com o executivo da Nokia, Olli-Pekka Kallasvuo, este é o ano da TV no celular. A finlandesa, que fez parceria com o site YouTube, apresentou aparelhos voltados à exibição de clipes.

Essa fogueira ganha ainda mais lenha com as definições sobre a transmissão de TV digital para portáteis, o que deverá acontecer também no Brasil.
 

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