Vivo diz que reage para continuar a ser líder
SÃO PAULO - Após um prolongado período de perda de mercado para os concorrentes, a Vivo promete reagir.
Depois de perder participação de mercado de mais de 5 pontos percentuais nos últimos 12 meses enquanto rivais avançaram com planos de serviços agressivos, a operadora móvel Vivo conta com mais armas para defender a liderança no Brasil, que tem mais de 100 milhões de usuários de telefones celulares.
Para o presidente da Vivo, Roberto Lima, nenhuma operadora celular está disposta a ceder nenhum ponto percentual de participação este ano.
Segundo ele, isso significaria a perda de centenas de milhões de reais em um momento em que um caixa forte se faz cada vez mais importante diante dos leilões de licenças de telefonia previstos para 2007.
"Tem que ter objetivo de manutenção de market share de usuário sim, desde que você saiba qual é o nível de ativação da sua base de clientes", disse Lima durante o Reuters Latin American Investment Summit na sexta-feira.
"O jogo daqui para frente será mais correto, ninguém vai querer perder nenhum ponto percentual de participação."
Pelos cálculos do executivo, cada ponto percentual no mercado brasileiro de telefonia móvel representa receita de 300 milhões de reais.
A Vivo encerrou fevereiro com participação de 28,56 por cento no mercado brasileiro de telefonia móvel, queda de 5,54 pontos em um ano. TIM Brasil terminou o mês passado com 25,61 por cento e Claro com 24,06 por cento, de acordo com números da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Controlada igualmente por Telefónica e Portugal Telecom, a Vivo iniciou em dezembro as operações de uma rede GSM com investimento de pouco mais de 1 bilhão de reais. Ela era necessária para eliminar deficiências na oferta de celulares a preços mais próximos das concorrentes --que operam com essa tecnologia que garante ganhos de escala.
A empresa --que agora opera em paralelo redes CDMA e GSM-- também trabalhou na segurança dos aparelhos contra clonagem.
AGORA, RIVAIS NA DEFESA
O executivo evita dar pistas sobre a trajetória da margem Ebitda da Vivo em 2007.
"Nós já estamos nessa situação de termos margens maiores do que aqueles que vinham nos pressionando com subsídios comerciais muito elevados", disse Lima, citando a Claro, que em 2005 chegou a ter margem negativa. "Só que agora eles vão começar a ter as despesas de defesa de sua própria base."
A meta da Claro este ano, segundo Carlos García Moreno, vice-presidente de finanças de sua controladora, a mexicana América Móvil, é de margem de até 20 por cento, ante 12,7 por cento em 2006.
A Vivo, que já chegou a ter margem Ebitda de 40 por cento, segundo Lima, encerrou 2006 com margem de 24 por cento.
Nos planos da operadora estão operações em Minas Gerais e no Nordeste, concluindo uma cobertura nacional. Lima disse que essas localidades têm penetração mais baixa de celulares e são áreas em que as rivais crescem enquanto a Vivo sequer está presente.
O executivo acredita que a Anatel deverá fazer a licitação de frequências de 1,9 gigahertz ainda neste semestre e disse que a empresa tem interesse em adquiri-las para alcançar a cobertura nacional, equiparando-se à concorrente TIM Brasil. A estimativa é que cerca de 800 milhões de reais sejam gastos na construção de rede durante 18 meses em Minas Gerais e no Nordeste, disse Lima.
Perguntado se uma eventual compra da Telemig Celular facilitaria a presença em Minas Gerais, o presidente da Vivo limitou-se a dizer que "seria". Em seguida, disse que não poderia comentar o assunto.
A Vivo também pretende participar do leilão de licenças de terceira geração da telefonia celular, previsto mais para o fim do ano, disse Lima. "Por isso a gente não está queimando dinheiro."
Sobre possíveis indefinições em relação ao futuro do controle da empresa, geradas pela fracassada oferta de compra da Portugal Telecom pela Sonaecom, Lima afirmou que não houve até agora interferência negativa na operação da Vivo.
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