Vírus passam de simples transtornos a ladrões de informação

PAULA LEITE
da Folha de S.Paulo

Desde seu surgimento, os vírus têm causado problemas para os usuários, mas, nos últimos anos, isso se intensificou, segundo especialistas em segurança ouvidos pela Folha.

Hoje são menos comuns as histórias de gente que perdeu arquivos ou teve o computador travado por um vírus, mas isso não significa que os programas maliciosos estão inativos.

"A percepção do usuário e a realidade estão desconectadas", diz Ricardo Baechert, presidente da Panda Software do Brasil. "Hoje o grande modelo é o vírus que se apodera de uma parte da máquina sem o usuário perceber e usa seu computador para roubar dados ou para atingir outras máquinas", afirma ele.

"Não há mais aquela visão romântica do vírus, criado pelo hacker que queria ter seu nome exposto e ganhar fama. Hoje o malware se dissemina rapidamente para que alguém tenha vantagem financeira", diz Marcelo Lau, coordenador do curso de pós-graduação em gestão de segurança da informação do Senac de São Paulo.

Os vírus, assim como seus "primos" spyware e cavalos-de-tróia, estão hoje ligados ao submundo da internet, abrindo portas para que golpistas usem sua máquina para enviar e receber informações roubadas, atacar sites, servir de "laranja" para pedofilia e outros objetivos.

Os vírus começaram como programas que se multiplicavam e tinham geralmente o objetivo apenas de transtornar o usuário, caso da primeira praga, o Elk Cloner.

Rich Skrenta criou o vírus aos 15 anos para pregar peças nos amigos, que pirateavam seus disquetes de jogos de computador. Ele fez primeiro um programa que destruía os dados do disquete após certo número de usos.

Depois, veio o vírus, que exibia o poema a cada 50 vezes que o disquete era usado. Skrenta fez carreira no mundo da informática, mas não escrevendo vírus: a partir de 1989, ele trabalhou na Shadow Island Games, que operava o jogo on-line Olympia. Ele foi co-fundador do NewHoo, comprado pelo Netscape em 1998 e transformado no Open Directory Project (*dmoz.org), diretório da web editado pela comunidade.

Skrenta, hoje com 40 anos, também ajudou na criação do Topix.net, que reúne fóruns e notícias locais de 33 mil cidades nos Estados Unidos.

Nos anos 1980, 1990 e 2000 ficaram famosos vírus como Jerusalem, Michelangelo, Melissa e Iloveyou. Neste ano, a novidade são vírus que se espalham no MySpace.

 

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