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"Desanimação" brasileira é novo fenômeno na web
Valéria del Cueto
Direto do Rio de Janeiro
Depois do Tapa na Pantera e da música que
repetia em vários tons uma célebre expressão de raiva, uma situação
cotidiana e já vivida pela maioria dos brasileiros suscita elogios,
teorias e, algumas vezes, discordância no mundo dos internautas. Baseado
em várias histórias reais, o vídeo desanimado de Christian Caselli, "O
paradoxo da espera do ônibus", desenhado por Gabriel Renner, com
narração de Chico Serra, é um novo fenômeno na web brasileira. Só no
Youtube foram mais de 128,5 mil acessos em menos de 3 meses. Já são mais
de 400 comentários sobre a obra, que tem a duração de três minutos e
nove segundos.
Christian Caselli, cineasta independente, editor,
jornalista, crítico de cinema, curador de mostra de filmes e programador
visual, criou e produziu o curta digital como primeira experiência de um
projeto. "Era parte de uma instalação de videoarte que eu queria fazer
chamada 'Os fins cíclicos'," relembra. "Seriam várias histórias que
voltariam ao começo. O paradoxo da espera do ônibus foi o primeiro,
serviu de cobaia. Aí eu resolvi colocar na Internet para ver o que
aconteceria", conta. O vídeo foi selecionado para o Prêmio WeShow que
escolhe mensalmente os melhores vídeos disponíveis na internet em mais
de 150 canais diferentes. Ele está entre os dez mais votados, escolhido
em sucessivas votações entre os indicados.
O resultado surpreendeu: são mais de 4 mil acessos por dia. "Foi uma
grande surpresa. Não sei o que aconteceu exatamente. O filme teve uma
aceitação muito grande. Eu tive uma certa sorte por ter ficado um tempo
na capa da versão brasileira do YouTube. Acho que gerou um boca-a-boca
por ser um desenho desanimado em que nada acontece. Não tem um movimento
de personagem, não tem nada disso. É só um cara esperando no ponto de
ônibus" espanta-se Caselli.
Apesar do sucesso, ou talvez por isso mesmo, o vídeo não é uma
unanimidade. Nos comentários, alguns internautas reclamam, por exemplo,
dos palavrões."Eu não poderia colocar 'caramba', 'que pena', 'que
droga'. Numa situação como aquela a gente pensa palavrão mesmo. Eu fui
fidedigno a situação. No caso de dar uma topada com o pé, por exemplo, o
palavrão é meio mágico. Diminui a dor," justifica o diretor e
roteirista. "Não tenho nada contra o palavrão", complementa. As imagens
dos detalhes do ponto de ônibus também foram motivos de observações
entre os internautas. "Isso foi parte da criação do Gabriel. Ele fez um
hiper detalhamento que me permitiu ser mais ágil na edição", diz
Caselli, elogiando o trabalho do gaúcho Gabriel Renner.
Quem considerou o filme cômico - e não foram poucos - segundo o
diretor, o fez por puro nervosismo. "Eu não pensei no humor. Um amigo me
disse que a mãe dele morreu de rir vendo o curta. Rir de que?" ,
espanta-se. Outros espectadores, mais curiosos, pedem a continuação da
história. Christian Caselli avisa: "Estou pensando em fazer outros tipos
de paradoxos, quem sabe pensar em pegar um táxi,", planeja. "Aí
deixaremos de lado o paradoxo e partirei para uma equação, onde tempo é
dinheiro" avalia. Caseli agora quer fazer o "transfer" do trabalho, ou
seja, passa-lo para película e exibi-lo em festivais de cinema
brasileiros e internacionais.
Para assitir ao filme, acesse o sit
e
http://youtube.com/watch?v=Ibow_K7fqF0.
Redação Terra
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