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Caneta inteligente
é nova plataforma móvel
Uma nova caneta inteligente pode mudar a
forma como as pessoas praticam a computação móvel ao levar poder de
processamento à tradicional dupla caneta e papel. Fabricada pela
Livrescribe, de Oakland, Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, foi
desenhada para digitalizar as palavras e desenhos que usuários colocam
no papel e lhes dar vida, agragando inclusive som.
Segundo o site Technology Review, enquanto o usuário escreve
em um papel impresso com um padrão especial, a caneta inteligente
transforma o que é escrito em texto interativo. Por exemplo, a caneta
tem uma função de gravação, chamada de "paper replay", que pode gravar
som e conectá-lo ao que o usuário escreve enquanto os sons são gravados.
Mais tarde o usuário pode simplesmente encostar a caneta sobre o que
escreveu e ouvir os sons associados. "Estamos começando a criar um novo
mundo de superfícies imprimíveis acessíveis e funcionais", disse Jim
Marggraff, CEO da Livescribe.
A caneta inteligente, ele diz, vai permitir a criação da multimídia
baseada em papel, como cartões de visita interativos. O cartão de
Marggraff, por exemplo, permite que contatos lhe enviem emails
simplesmente ao escrever um recado sobre sua superfície com uma caneta
inteligente. Se um usuário de caneta inteligente quer saber a definição
de uma palavra, pode escrever "definir" seguido do termo. A caneta,
utilizando dados em sua memória, vai mostrar a definição em uma pequena
tela. O mesmo procedimento pode ser utilizado para tradução ou solução
de problemas de matemática.
"Eu queria ter certeza de que a própria caneta interativa podia dar
feedback, para que enquanto você estivesse escrevendo no papel, a caneta
pudesse interpretar o que está fazendo e comentar", disse Marggraff.
"Isto é uma nova forma de interagir com papel, porque efetivamente a
caneta e o papel se tornam um computador".
As características da caneta dependem da sua habilidade de verificar
a sua posição no papel. Isto é possível, explica Marggraff, por causa do
papel. O papel que a caneta utiliza é impresso com micropontos, de
acordo com uma técnica desenvolvida pela empresa sueca Anoto. O padrão
certifica uma informação precisa de uma grade de posição em uma escala
muito pequena.
A caneta sabe sua posição ao captar o que está sob sua ponta e
processá-lo com algoritmos baseados em padrões de micropontos. O "paper
replay", por exemplo, funciona porque a caneta associa determinados
pontos de uma faixa de áudio com lugares na folha. "Se voce imprimisse o
padrão completo, cobriria a Europa e Ásia por inteiro", diz Marggraff.
"Então quando sua caneta chegasse em um canto do sul da Itália, saberia
exatamente onde você está".
Isto quer dizer que um usuário pode permanentemente ligar informações
de áudio a determinados lugares em um caderno sem se preocupar em perder
o link quando vira a página. Por causa do tamanho do padrão e das
possibilidades de expansão no futuro, Marggraff diz, não há preocupação
de esgotamento.
Blocos de papel especial serão vendidos pela Livescribe. Usuários
poderão também imprimir o padrão em folhas brancas normais utilizando
certas impressoras de alta definição.
Marggraff diz que a tecnologia de posição por pontos, que ele
conheceu em uma revista, foi responsável por parte da inspiração de sua
computação no papel. Antes da caneta Livescribe, ele trabalhou no Fly
Pentop Computer, um produto para crianças desenvolvido a partir de
aplicações anteriores da mesma tecnologia.
Em adição à tecnologia de micropontos, a caneta inteligente
Livescribe utiliza outras tecnologias, incluindo um sistema de gravação
de áudio 3D. Esta tecnologia, diz Marggraff, foi feita para tornar a
função "paper replay" mais útil em situações menos favoráveis. Se um
estudante está sentado no fundo de uma sala de aula, por exemplo, as
gravações poderiam ser ruins. A caneta, entretanto, utiliza dois
microfones para gravar o som da forma que é ouvido originalmente: dois
microfones ajudam o ouvinte a diferenciar os sons, como é feito com os
dois ouvidos.
Rodney Brooks, diretor de ciência da computação e inteligência
artificial do MIT, que foi conselheiro do projeto, diz que ligar a
escrita com a computação é um "passo adiante". Apesar de dizer que é uma
pena que se precise de papel específico, está muito entusiasmado com a
tecnologia.
Outras empresas já fizeram produtos utilizando o sistema de
posicionamento com pontos. A Logitech, por exemplo, comprou uma licença
do sistema de posicionamento da Anoto para construir uma caneta digital
chamada io. Mark Anderson, diretor de negócios, disse que a io emprega o
sistema para permitir que usuários façam anotações e as vejam escritas
no PC. Entretanto, Anderson diz que atualmente a io não possui funções
multimídia.
Além das capacidades que o Livescribe já possui, a empresa está
lançando ferramentas para desenvolvedores criarem seus próprios
aplicativos para a caneta. Marggraff espera que a caneta se torne uma
nova plataforma de computação, substituindo aparelhos móveis. Brooks
disse que ele consegue imaginar a caneta nesta posição. "Pessoas mudam
de plataformas", disse.
A caneta inteligente deve ser lançada em janeiro, quando serão
fornecidos mais detalhes sobre ela. No site (www.livescribe.com),
residentes nos Estados Unidos já podem preordenar o dispositivo, por
preço inferior a US$ 200, até 31 de dezembro.
Redação Terra
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