BRASÍLIA - A proposta do governo federal
de expandir o serviço de banda larga a
todos os municípios até 2010 ainda é uma
realidade distante.
A avaliação é do diretor de
tecnologia e projetos do Instituto de
Pesquisas e Projetos Sociais e
Tecnológicos (Ipso), Carlos Seabra.
“Para se ter uma idéia, nós pagamos
por uma mesma conexão cerca de 1300%
mais caro do que paga alguém numa
conexão na Europa, porque isso ainda não
está difundido”. Seabra explica que, no
Brasil, as empresas que oferecem o
serviço de banda larga cobram da
população todo o investimento feito em
um setor ainda pouco desenvolvido.
Para este ano, a proposta do
Ministério das Comunicações é levar a
internet banda larga a 20% dos
municípios até junho, construindo uma
rede pública de alta velocidade para
atender escolas, hospitais, delegacias,
postos de saúde e associações
comunitárias.
“As condições no nosso país ainda
estão muito longe do ideal, não só
porque a maior parte dos municípios
ainda não possui banda larga como porque
o que é chamado de banda larga, na
verdade, ainda é uma banda muito
estreita”.
Seabra garante que todas as grandes
capitais do país, hoje, possuem o
serviço por telefonia ou por cabo, mas
lembra que, mesmo nos grandes centros, a
tecnologia deixa a desejar. “São
velocidades infinitamente inferiores às
oferecidas em países europeus ou nos
Estados Unidos”.
Ele destaca, entretanto, o interesse
e a facilidade da população brasileira
no acesso à internet como pontos
positivos para o processo de expansão do
serviço.
“A gente vê um morador de periferia
de uma cidade pobre e cheia de
carências. Na hora em que ele senta na
frente de um computador e aprende a
manusear, vira um usuário como poucos no
mundo. Parece que está no sangue do
brasileiro”.
Seabra reforça que, apesar da série
de iniciativas propostas pelo governo
federal, as medidas ainda são
insuficientes para permitir o acesso a
todos. Uma questão importante e positiva
para a expansão, segundo ele, é o baixo
preço cobrado pelos computadores diante
da política de redução de impostos no
país.
“Acho que tem sido desenvolvida uma
política no sentido de popularizar e
viabilizar o acesso da cidadania à
tecnologia. Ainda estamos longe disso,
mas o caminho está dado. Até porque as
forças de mercado também vão nesse
sentido. Toda a lógica capitalista de
mercado vai nessa direção, do acesso à
tecnologia uma das garantias da moderna
cidadania”.