Confissão online
atrai milhares de pecadores nos EUA
Numa sociedade na qual é comum usar a
Internet para operações cotidianas como pagar contas, fazer compras ou
reservas em restaurantes e cinemas, cada vez mais pessoas aproveitam a
comodidade e o anonimato da rede para expiar suas faltas. Sites como
ivescrewedup.com, mysecret.tv ou forgivenet.com permitem compartilhar
anonimamente os pecados com o resto da comunidade e, ainda que não
ofereçam absolvição, ao menos trazem algum alívio aos pecadores - além
de atrair milhões de visitas.
"Sou um viciado em pornografia. Começou quando estava na sexta série
primária", diz um dos usuários do mysecret.tv. Cerca de 2,5 mil
confissões atualmente publicadas no site estão relacionadas a sexo,
pornografia ou adultério.
Estes sites são gerenciados por igrejas de fé protestante ou
luterana, que não vêem a confissão como um processo no qual a
participação de um pároco seja absolutamente necessária. O reverendo
Bobby Grunewald, porta-voz da LifeChurch.tv, um consórcio de 13 igrejas
evangélicas de Oklahoma, Estados Unidos, que gerencia o mysecret.tv,
reconheceu que o sucesso de seu portal, criado há dois anos, foi uma
surpresa.
"Quando começamos, recebíamos mais de 1,3 milhão de visitas por dia",
conta Grunewald. O projeto era, em princípio, destinado aos membros da
igreja, mas dada a sua popularidade, os responsáveis decidiram que
deveria permanecer aberto para todos.
Grunewald não acredita que a confissão online possa suplantar a
confissão cara a cara, mas diz que portais como o mysecret.tv ajudam as
pessoas a dar um primeiro passo e reconhecer seus segredos mais turvos.
"Consideramos que o site é um catalisador e esperamos que seja o
princípio de um processo que leve as pessoas a falar com seus familiares
ou com os membros da igreja", destaca o reverendo.
Tanto no mysecret.tv como em sites similares, as confissões são
anônimas, o que apresenta um problema se houver suspeita de que, mais
que um pecado, trate-se de um delito. "Matei quatro pessoas. Uma delas
era um rapaz de 17 anos", confessa um usuário do ivescrewedup.com, ainda
que o resto da mensagem faça pensar que se trata do testemunho de um
soldado em território de guerra.
"É difícil reagir nestes casos porque o site é totalmente anônimo e
sequer temos a possibilidade de rastrear o protocolo IP" para
identificar o internauta, disse Grunewald.
A Igreja Católica se opõe oficialmente à confissão online, mas algumas
paróquias norte-americanas também estão usando fórmulas de modernas para
atrair os fiéis ao confessionário. Segundo um estudo da Universidade de
Georgetown, 42% dos católicos dos Estados Unidos não se confessam nunca,
14% o fazem uma vez ao ano e apenas 2% reconhece ir ao confessionário
regularmente.
A arquidiocese de Washington, por exemplo, criou no ano passado
anúncios em rádio para promover a confissão e, em Chicago, cinco
paróquias lançaram a campanha "24 horas de Graça" com o mesmo objetivo.
Na última quaresma (período de 40 dias antes da Páscoa observado
pelas igrejas Católica, Anglicana e outras protestantes), as dioceses da
Filadélfia (Pensilvânia), Fênix (Arizona) e Toledo (em Ohio) criaram
programas especiais para facilitar a prática deste sacramento - a
confissão - aos fiéis.
Algumas paróquias ampliaram seus horários de confissão, por exemplo,
ou habilitaram confissões em lugares como centros comerciais.
EFE
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