SÃO PAULO - Apesar do adiamento da
licitação do governo federal para o
chamado laptop de 100 dólares, a
Positivo Informática insistirá em
marcar presença nesse mercado.
A informação é do presidente da
empresa, Hélio Rotenberg, que
participou do Reuters Latin America
Investment Summit.
Segundo o executivo, a empresa
participará das licitações desse
tipo que devem acontecer nos
próximos meses na Argentina e no
Uruguai, além da primeira operação
do tipo por meio do Ministério da
Educação, que prevê encomenda de 150
mil laptops educacionais para o
programa "Um Computador por Aluno".
"Nós vamos entrar em todas as
licitações de (laptop de) sete
polegadas que houver na América
Latina. Sem dúvida, vamos tentar",
disse Rotenberg. "O que nós não
vamos é entrar em um negócio para
perder dinheiro e tentar recuperar
depois. Isso não existe em
tecnologia, porque a tecnologia
muda", acrescentou.
"Não adianta vender hoje para um
governo por preço subsidiado porque
vou recuperar depois. Não vou.
Depois vai ter outra licitação",
afirmou Rotenberg, que espera para
os próximos meses uma nova licitação
do Ministério da Educação após a
"surpresa" do adiamento da primeira
tentativa.
"O governo pediu desconto e nós
fomos até o limite de não perder
dinheiro e mesmo assim ele não
gostou. Com aquelas regras do jogo,
não dava para baixar mais. E não é
aquele preço público, baixamos
bastante nas negociações privadas",
disse.
O último preço divulgado pelo
governo para o laptop de 100 dólares
foi de 654 reais, menor cotação
oferecida, o que daria a vitória na
licitação para a Positivo.
Rotenberg diz que a renegociação
com os fornecedores permitiu um
preço de 580 reais, o que da mesma
forma não foi aceito pelo governo
porque "politicamente houve medo da
imprensa" porque o valor estava
muito distante dos 100 dólares.
"Isso o governo não divulgou e nos
doeu muito. O governo não foi
correto com a gente", afirmou o
executivo.
"Eram 90 milhões de reais de um
faturamento que no ano passado foi
de 2 bilhões. Esse é o peso para
nós, 4 por cento (do faturamento)",
completou.
Rotenberg espera a volta da
licitação para os próximos meses e
diz que a Positivo fará "tudo que
estiver ao alcance para ganhar", mas
não vai "dar os notebooks". Ele
disse também que a recente
desvalorização das ações da empresa
na bolsa de valores não tem relação
com o adiamento na licitação.
"(O laptop de 100 dólares) era
muito mais o símbolo do que retorno
financeiro. Claro que a gente se
ressentiu de não ter ganhado, mas
feita uma análise mais criteriosa,
não foi isso que afetou o nosso
papel."