Orkut e YouTube aumentam diálogo com eleitor
Reuters
SÃO PAULO - Especialista diz
que candidatos à eleição de outubro precisarão investir em diálogo para atingir
internauta. Esqueça o discurso, exercite o diálogo. Difícil para políticos? Pois
este é exatamente o comportamento esperado de candidatos que querem atingir o
eleitor das comunidades da Internet, como Orkut e You Tube, cujo uso vêm
crescendo no país em campanhas eleitorais. A recomendação é de Marcelo Coutinho,
professor da ESPM e diretor de análise e mercado do Ibope.
"O site do candidato é só
discurso, não tem interatividade. Se você quer usar as comunidades de Internet,
é preciso dialogar", disse ele à Reuters, tendo em mente o convencimento de
candidatos sobre o eleitorado. Coutinho, que realizou pesquisa em conjunto com
dois outros professores da ESPM sobre uso da Internet nas eleições presidenciais
de 2006, vai ainda mais longe ao aconselhar os candidatos que pretendem utilizar
estas redes: "Esqueçam também a noção de controle".
Ou seja, para o pesquisador, o
político precisa se desprender daquela neurose de que uma parte dos que querem
entrar em contato com ele em um site ou uma comunidade de Internet são
adversários e concorrentes que só querem prejudicá-lo. Nessas comunidades, os
candidatos podem entrar em contato com os eleitores jovens, os mais resistentes
a temas políticos.
Ao mesmo tempo, o levantamento
dos pesquisadores indica que há interesse pelo assunto, já que existem
aproximadamente 180 comunidades no Orkut sobre os atuais principais candidatos a
prefeito da cidade de São Paulo, num universo de quase mil comunidades sobre
eleições.
O número total é superior ao de
julho de 2006, quando foram encontradas 46 comunidades sobre os principais
candidatos a presidente. Nas duas eleições, o que chama mais a atenção são as
comunidades pró e contra candidatos. Há dois anos, a maior comunidade
pró-Geraldo Alckmin (PSDB) reunia 221 mil integrantes e a maior pró-Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), 106 mil.
O crescimento contrasta com o
interesse menor despertado pelas eleições municipais do que pelas presidenciais.
Indica, por outro lado, o avanço do uso deste meio. Pelo Orkut, rede social do
Google, é possível participar de fóruns de discussão sobre os temas mais
diversos e fazer ou encontrar amigos. Dos 60 milhões de usuários do Orkut em
todo o mundo, 27 milhões ficam no Brasil.
É preciso, no entanto, dar um
desconto no dado fornecido pelo Google uma vez que ele não identifica um mesmo
usuário que se cadastre com nomes diferentes. "As eleições locais mobilizam
menos os eleitores do que as eleições nacionais, mas dado o crescimento
acelerado da Web nos últimos anos e a popularidade crescente das redes sociais,
pode ser que ao menos na Internet esta regra não se confirme", acredita
Coutinho, que junto com os colegas vai atualizar a pesquisa com os dados da
eleição municipal, que ficará pronta em 2009.
INTERNET BATE REVISTAS A
Internet como um todo está acima das revistas como meio utilizado pelos
eleitores para conhecer os candidatos. Nas eleições de dois anos atrás, segundo
o Ibope, a Internet foi o meio de informação indicado por 6 por cento dos
eleitores, ou 7,8 milhões do total de 126 milhões de eleitores daquela eleição.
As revistas ficaram com 4 por cento e os meios tradicionais permaneceram bem à
frente: TV (76 por cento), jornais (29 por cento) e rádio (28 por cento).
Coutinho afirma que o patamar
atual do Brasil é similar ao dos Estados Unidos no início da década, quando a
Internet superou primeiro as revistas, depois o rádio e, na atual disputa
presidencial, se transformou na segunda fonte de informação para os eleitores
depois da TV.
O candidato democrata Barack
Obama optou por reduzir sua estrutura administrativa para fazer campanha pela
Internet. Ele tem usado as redes sociais para gerar envolvimento e contribuição
financeira para sua campanha.
O professor afirma ainda que,
apesar de o uso da Internet para temas políticos ser menor do que nos EUA e na
Europa e ter impacto limitado na decisão de voto, os brasileiros, das faixas A e
B, estão entre os que passam mais tempo na Web em casa, ultrapassando
norte-americanos e europeus.
|