Reuters
SAN FRANCISCO - Está cada vez mais
difícil decidir como comprar um
computador.
De quantos "cérebros" seu
computador precisa, afinal? Não que
comprar um computador tenha sido
algum dia tão fácil quanto comprar,
digamos, uma torradeira ou escova de
dentes elétrica, mas as empresas que
fabricam os microprocessadores dos
PCs atuais conseguiram complicar
ainda mais o processo.
No passado, a Intel, maior
fabricante dos chips do mundo, e sua
rival AMD vendiam aos fabricantes de
computadores novas versões dos
mesmos chips, capazes de velocidades
cada vez maiores.
Até onde interessava aos
consumidores, a Intel produzia chips
Pentium e a AMD produzia chips
Athlon. Mas isso deixou de ser o
caso há algum tempo e nos últimos
anos as escolhas de que os
consumidores dispõem ao sair em
busca de um computador para comprar
dispararam.
Com os jogos de computadores
ganhando mercado e mais pessoas
produzindo e editando imagens
digitais e filmes caseiros, os
computadores pessoais agora podem se
vangloriar de microprocessadores com
dois e quatro núcleos, ou
"cérebros", e em breve esse número
deve crescer ainda mais.
Mas será que o consumidor comum
precisa desses chips superpoderosos?
"Essa é uma questão
interessante", disse Tim Bajarin,
veterano analista de tecnologia e
consultor da Creative Strategies.
"Se a questão básica é de
produtividade em termos de acesso à
Web, processamento de texto e emails,
não é necessária tanta potência. Um
processador de núcleo duplo é bom o
bastante."
Os processadores de núcleo duplo
tem dois cérebros, em lugar de um. A
Intel vende processadores Pentium e
Core de núcleo duplo, bem como
processadores de núcleo quádruplo
para usos mais complexos, como
edição de vídeos de alta definição
ou jogos com recursos gráficos
intensivos.
"Se você analisar friamente, os
processadores básicos de entre 1,3 e
1,6 gigahertz são mais que
suficientes", disse Bajarin, dizendo
que eles permitem assistir a um
vídeo no YouTube ou programa de TV
online, ainda que a qualidade do
vídeo não seja semelhante à da TV
comum, muito menos da TV de alta
definição.
No site da AMD, os visitantes são
convidados a comparar os chips
Phenom, Athlon e Turion, em
diferentes velocidades. No da Intel,
depois de passar por páginas
introdutórias aparentemente simples,
o usuário encontra 11 produtos, como
o Core 2 Extreme, Core 2 com
tecnologia Viiv, Core 2 Quad, Core 2
Duo, Pentium duplo núcleo e Celeron
-e essas são apenas as versões pata
máquinas de mesa.
"A razão pela qual nós entramos
no mundo núcleos múltiplos não foi
porque precisamos cada vez mais
deles para trabalhar, mas porque a
Intel e a AMD ficaram sem espaço
para aumentar a velocidade dos
processadores", disse o analista
Roger Kay, da Endpoint Technologies.
Antes da Intel e da AMD começarem
a vender chips com dois ou mais
núcleos, elas simplesmente
melhoravam a velocidade de desligar
e ligar dos transistores dos chips.
Mas como essa velocidade ficou cada
vez maior, os processadores
começaram a consumir muita energia e
a gerar muito calor, diminuindo o
desempenho de desktops e notebooks.