Jonathan AmosUm avião movido
a
energia solar construído na Grã-Bretanha estabeleceu um recorde
não-oficial de duração de vôo por nave não tripulada.
O Zephyr-6 voou ininterruptamente por mais de três dias, utilizando,
durante as noites, energia de
baterias carregadas pelo sol durante o dia.
O vôo foi uma demonstração para militares americanos, que procuram
novas tecnologias para dar apoio a suas tropas no solo.
Naves como o Zephyr podem ser ideais em missões de reconhecimento.
Elas também podem ser usadas para comunicação em zonas de guerra.
Um representante da empresa britânica de defesa e pesquisa QinetiQ,
Chris Kelleher, disse que os Unmanned Aerial Vehicles ou veículos aéreos
não-tripulados (UAVs, na sigla em ingês) oferecem vantagens sobre naves
tradicionais e até satélites.
"A principal vantagem é a persistência - você estaria lá o tempo
todo", ele disse à BBC. "Um
satélite passa na mesma parte da Terra duas vezes por dia - uma
delas durante a noite - então está obtendo apenas uma fração da
atividade. O Zephyr estaria lá, observando, o dia todo", disse Kelleher.
O vôo partiu da base do Exército americano Yuma Proving Ground, no
Arizona.
O Zephyr voou sem parar por 82 horas e 37 minutos.
Este vôo bate o atual recorde oficial para nave não tripulada,
estabelecido pelo avião-robô americano Global Hawk - 30 horas e 24
minutos - e também o recorde anterior do próprio Zephyr, de 54 horas,
obtido no ano passado.
O recorde estabelecido em Yuma, entretanto, é "não oficial" porque a
QinetiQ não envolveu a FAI, Federation Aeronautique Internationale - a
federação internacional de esportes aéreos -, que ratifica novos
recordes.
A demonstração do Zephyr foi financiada pelo Departamento de Defesa
dos Estados Unidos como parte de um programa criado para avançar
tecnologias que os militares americanos gostariam de ver em campo.
"Achamos que o Zephyr está muito próximo de se tornar operacional - a
nossa meta é de dois anos", disse Kelleher.
"Temos de avançar mais um passo, estamos tentando criar um sistema
robusto e confiável que realmente fique lá em cima durante meses, e
queremos melhorar o desempenho (do avião)".
O teste aconteceu entre 28 e 31 de julho, e também incluiu o
Ministério da Defesa britânico.
O Zephyr, que pesa 30 quilos, foi guiado por controle remoto até uma
altitude superior a 18 kilômetros e depois voou com piloto automático e
por satélites.
À primeira vista, o Zephyr, movido a hélice, parece ser mais um
aeromodelo, e é, inclusive, lançado manualmente.
Mas este veículo "sem piloto", com comprimento de asa de 18 metros,
incorpora tecnologias mundiais de ponta.
Sua estrutura usa materiais ultra-leves, como fibra de carbono, e o
avião voa com energia solar gerada por estruturas de silicone com a
espessura de folhas de papel coladas sobre as asas do avião.
Para que o avião continue voando durante a noite, as hélices são
movidas a baterias de lítio e ácido sulfúrico que são recarregadas
durante o dia.
O Zephyr demonstrou que pode tolerar temperaturas extremas, desde os
45ºC registrados no Deserto Sonoran, no Arizona, até os 70ºC negativos
que ocorrem em altitudes de mais de 18 quilômetros.
Os engenheiros da QinetiQ estão trabalhando com o fabricante de
aviões Boeing em um projeto de defesa batizado de Vulture.
O projeto vai criar o maior avião movido a energia solar da história,
capaz de transportar uma carga de até 450 quilos.
Os militares americanos dizem que o aparelho deverá ser capaz de
ficar posicionado sobre um ponto específico da Terra durante cinco anos
ininterruptamente.
A QinetiQ também está desenvolvendo veículos aéreos não tripulados
para uso civil.
Recentemente, a empresa vem trabalhando juntamente com a Aberystwyth
University, no País de Gales, buscando formas de monitorar terrenos para
saber que áreas precisam de fertilizantes.
BBC Brasil