Yoko Kubota
Pesquisadores
japoneses conseguiram reproduzir imagens de
objetos observados por pessoas por meio de
varreduras em seus cérebros, o que abre
caminho para a comunicação mental direta
entre os seres humanos.
Os cientistas esperam que a pesquisa,
publicada na revista científica Neuron, dos
Estados Unidos, venha a ajudar pessoas com
problemas de fala ou médicos que estão
estudando problemas mentais, ainda que
existam questões de privacidade a considerar
caso a situação chegue ao estágio em que
alguém poderia ler os sonhos de uma pessoa
adormecida.
"Quando desejamos transmitir uma
mensagem, precisamos mover nossos corpos,
por exemplo ao falar ou digitar em um
teclado", disse Yukiyasu Kamitani, diretor
de pesquisa do projeto, do Advanced
Telecommunications Research Institute
International, um instituto privado sediado
em Kyoto, Japão.
"Mas se fosse possível transmitir
informação diretamente do cérebro, surgiria
uma forma de comunicação direta na qual a
pessoa imaginaria o que deseja dizer, sem
que precise se mover", disse Kamitani em
entrevista telefônica à Reuters.
Tecnologia como essa poderia abrir as
portas da comunicação a pessoas incapazes de
falar ou ajudar a visualizar alucinações, o
que facilitaria aos médicos o diagnóstico de
distúrbios mentais, disse Kamitani.
Quando vemos, a luz é convertida em
sinais elétricos pela retina, localizada na
porção traseira do globo ocular, e depois
processada pelo córtex visual do cérebro.
Pesquisadores de cinco instituições
envolvidas no trabalho usaram uma máquina de
ressonância magnética cerebral para observar
os padrões de atividade do córtex visual.
A equipe de Kamitani calibrou um programa
de computador por meio de exames em dois
voluntários que visualizaram 400 imagens
estáticas em preto, branco e tons de cinza.
Depois, os voluntários tiveram de
visualizar diferentes figuras e letras do
alfabeto em branco e preto.
O programa de computador que
desenvolveram conseguiu reproduzir as
figuras e letras que os voluntários haviam
visto, ainda que com menos nitidez do que os
originais.
"Nesse experimento, reconstruímos imagens
do que as pessoas realmente viram, mas
considera-se que o córtex visual do cérebro
está ativo mesmo quando se imagina algo",
disse Kamitani.
O próximo passo da equipe é estudar como
conseguir a visualização de imagens dentro
das mentes das pessoas, disse ele.
"Queremos saber como nossas experiências
subjetivas e sonhos são expressados dentro
de nossos cérebros", disse Kamitami,
acrescentando que a pesquisa pode levar à
produção de imagens de sonhos.
Se a equipe conseguir realizar esse
feito, fortes medidas de salvaguarda da
privacidade serão necessárias, afirmou o
cientista.
"Conforme a precisão aumenta, é possível
que a informação do que as pessoas querem
manter em segredo possa ser visualizada
enquanto estão dormindo."
Reuters