Giovana Vitola
O governo da Austrália quer introduzir
filtros obrigatórios na
internet para impedir que arquivos
considerados ilegais sejam baixados. Com o
argumento de que a filtragem é necessária
para proteger crianças que surfam na
internet e impedir a divulgação de
pornografia infantil e idéias extremistas,
cerca de 10 mil
sites foram selecionados pelo governo
australiano em sigilo para ser
censurados.Serão investidos US$ 70 milhões
no Plano de Segurança na internet.
"Eles (o governo) falam sobre a segurança
para as crianças na internet apenas para
tranqüilizar famílias, mas os filtros não
irão impedir o acesso a websites. É fácil
enganar a filtragem e conseguir o acesso em
20 minutos", disse Geordie Guy, membro da
Fronteiras Eletrônicas da Austrália, uma
organização sem fins lucrativos que é contra
o plano.
"Além disso, a velocidade da internet
diminuiria em 85%, e isso seria um problema
sério porque os filtros bloqueariam
materiais legais sem querer", complementou.
O grupo recentemente lançou a campanha
No Clean Feed - Pare com a censura na
internet na Austrália, que já conta com
25 mil simpatizantes.
"Partido do Sexo"
Outro grupo ativista é o Partido do Sexo, o
mais novo partido político do país, que tem
em sua lista de prioridades "abolir o filtro
pornô da internet", segundo consta no site
oficial da organização.
Os críticos da censura argumentam que a
lista de sites bloqueados não foi revelada
pelo governo e poderia até mesmo impedir
material político no futuro, como acontece
em países como China, Irã e Arábia Saudita.
Devido à grande controvérsia, o governo
australiano está lutando para receber apoio
para o projeto. Até mesmo grupos de defesa
do bem-estar infantil se opuseram ao plano,
argumentando que a verba deveria ser usada
para outros fins.
Luta contra a pedofilia
Na próxima semana, o governo australiano
planeja testar os filtros em algumas
empresas do país ainda não escolhidas -
antes da implantação do plano, prevista para
maio de 2009.
Recentemente a polícia australiana
prendeu 19 acusados de troca de arquivos
contendo pornografia infantil com a ajuda da
polícia brasileira.Cerca de 500 mil imagens
de abuso de crianças e 15 mil vídeos foram
apreendidos.
As autoridades australianas disseram que
as informações fornecidas pelo Brasil à rede
internacional de polícia, a Interpol,
ajudaram a identificar mais de 200 suspeitos
em 70 países.
BBC Brasil