Jonathan Keller conta que começou o projeto depois de comprar uma câmera fotográfica digital relativamente cara, em 1998, e ser questionado pela namorada, em tom sarcástico, se ele a usaria todo dia.
Ele pensou em algo que pudesse fotografar todos os dias e concluiu que o objeto seria seu próprio rosto. Foi assim que nasceu o projeto The Adaptation to My Generation ("A Adaptação à Minha Geração", em tradução livre), há 12 anos.
Quase 4 mil fotos depois, o novaiorquino tem um arquivo completo de sua aparência diária desde 1998 - com exceção de oito meses que passou na Antártica e na Nova Zelândia, em que estava sem sua câmera.
Depois de compilar milhares das fotos em um vídeo, seu rosto passou a ser conhecido mundialmente graças ao sucesso do vídeo no YouTube, onde ele foi acessado milhões de vezes.
Metamorfose
Todas as mudanças de penteado, cada espinha, a troca de óculos por lentes de contato, o crescimento de uma barba, tudo está registrado no mosaico.
"Eu queria observar as mudanças sutis e as não sutis pelas quais se passa diariamente. Por alguma razão, naquela época, não pensei muito na metamorfose na qual eu embarcaria no longo prazo. Porém, não precisei de mais de um mês para mudar de ideia", diz o artista, conhecido como JK Keller.
Ele pretende continuar o projeto até o fim da vida e ressalta que as mudanças ficarão ainda mais aparentes quando tiverem se passado 20 a 30 anos ou mais.
"Agora estou olhando para o fim. É uma proposta mórbida, mas é algo que precisa ser encarado", afirma.
Inexpressivo
Nas fotos, Keller nunca aparece sorrindo. Com exceção dos primeiros registros, ele sempre tenta estar em frente a um fundo claro.
"Mantenho meu rosto basicamente inexpressivo e seguro a câmera com os braços esticados em vez de usar um tripé. Eu não sorrio para este projeto porque quero que as imagens sejam o mais 'sutilmente objetivas' possível".
Apesar de ser uma tarefa diária, o projeto não toma muito tempo de Keller, que leva um minuto por dia para tirar a foto e gasta meia hora a cada 10 ou 12 dias para incluir as novas imagens da câmera em seu site.
Keller continua usando a câmera que comprou há 12 anos, uma Nikon CoolPix900, e só ficou longe dela durante o período em que trabalhou como zelador para uma companhia na Antártica e em seguida viajou pela Nova Zelândia, de setembro de 1999 a maio de 2000.
"Não sabia se eles teriam instalações apropriadas para eu usar o computador e havia um limite de peso para levarmos. Achei que era melhor abandonar a luta para tentar lidar com todos os detalhes técnicos. Eu me arrependo de não ter pensado em uma alternativa satisfatória. Nunca mais", explicou.
Depois deste período, Keller nunca mais perdeu uma foto e diz que o mais próximo que chega de não se fotografar em um dia é quando viaja longas distâncias, quando o fuso horário muda muito "e te confunde em relação a qual dia estamos". O vídeo pode ser acessado em http://bit.ly/9ytTjs
BBC Brasil