Don Tapscott
Quando se considera como a sociedade vai mudar no século 21, a maioria das pessoas concentra-se nos efeitos das tecnologias digitais, particularmente a internet. Mas há uma força igualmente importante que vai moldar as instituições da sociedade nas décadas vindouras: o amadurecimento da geração net. Nascidos entre 1977 e 1997, esses adolescentes e jovens adultos cresceram cercados de dispositivos digitais e informações. Em 2010, os mais velhos dessa geração fazem 33 anos, e os mais novos, 13.
Os jovens atuais formam a primeira geração a crescer “banhada em bits”, e por isso seus cérebros são diferentes. O melhor indicador do perfil dos cérebros no futuro é a maneira como os jovens passaram seu tempo entre 8 e 18 anos. Esse é o período em que o cérebro humano está em construção, com seus circuitos e conexões sinápticas. Se você passa 24 horas por semana vendo televisão, como fez minha geração, obtém certo tipo de cérebro. Mas se você consome o mesmo intervalo de tempo com tecnologias digitais, isso lhe dá um tipo diferente de cérebro.
Companhias multibilionárias mais espertas reconhecem que a inovação costuma começar nas bordas. Cada vez mais, essas organizações hierárquicas estão adotando modelos de negócio colaborativos, nos quais massas de consumidores, empregados, fornecedores, parceiros comerciais e até concorrentes criam valor colaborativamente, sem controle gerencial direto. Isso acontece por causa do declínio do custo de colaboração trazido pelas tecnologias digitais. Se um exército em marcha cerrada ao som de música marcial serve como metáfora para o local de trabalho de ontem, o ambiente produtivo do futuro será mais parecido com um grupo de jazz — no qual os músicos improvisam criativamente em torno de um tema.
Empregados estão desenvolvendo suas próprias interconexões e formando equipes multifuncionais capazes de interagir em tempo real como uma força de trabalho global. Relaxar hierarquias organizacionais e dar mais poder aos empregados são ações que podem levar à inovação mais rápida, estruturas de custo mais baixo, maior agilidade, melhor resposta aos consumidores e mais autenticidade e respeito no mercado.
Empregados da geração net ajustam-se perfeitamente à nova corporação. Eles são espertos, confiantes, otimistas, liberais, criativos e independentes — o que os transforma num desafio gerencial. Para atender às suas demandas por mais oportunidades de aprender e por assumir mais responsabilidades, além de ter respostas imediatas, melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e relacionamentos mais fortes no local de trabalho, as empresas precisam alterar sua própria cultura e técnicas administrativas e, ao mesmo tempo, continuar a respeitar as necessidades dos empregados mais velhos. Cultivados adequadamente, os atributos dessa geração serão uma fonte fundamental de inovação e vantagem competitiva para a empresa.