Simone Sartori Direto de São Paulo O Brasil ocupa hoje o 16º
lugar no ranking mundial de países com maior número de ataques
virtuais, de acordo com pesquisa realizada pela Kaspersky Lab, a
maior empresa privada de segurança da internet do mundo. Segundo o
gerente de vendas para varejo da Kaspersky Lab Américas no Brasil,
Claudio Martinelli, o Brasil tem "usuários ingênuos" se comparado
aos demais países do globo.
Se for considerado que a China, o país mais populoso do mundo,
com cerca de 1,3 bilhão de habitantes, lidera a pesquisa - seguido
de Rússia, Estados Unidos e Índia -, os usuários brasileiros de
internet devem considerar o resultado como um alerta. Quanto maior o
número de pessoas conectadas, maior a chance de proliferação de
vírus, spywares e malwares. É como se fosse, de fato, uma epidemia.
Não à toa, a população de três importantes Estados do País são
também os principais alvos de cibercriminosos. São Paulo aparece em
primeiro lugar na lista, segundo a Kaspersky, com 22% de ataques
virtuais. Rio de Janeiro vem logo atrás, com 19%, seguido por Minas
Gerais (10%).
De acordo com o analista de malware da Kaspersky Lab no Brasil,
Fábio Assolini, o usuário brasileiro tem hoje uma falsa noção de
segurança online, que se baseia apenas na instalação de um antivírus
em seu computador pessoal. "Uma segurança incompleta é pior que
segurança nenhuma", diz. Para justificar a preocupação das empresas
de segurança digital, Assolini elenca as três principais ameaças que
se disseminam na mesma velocidade do mercado consumidor de
computadores.
"Além de sites legítimos infectados, o phishing personalizado
está hoje entre as maiores ameaças aos usuários brasileiros. Na
tentativa de legitimar a falsa mensagem, o cibercriminoso envia um
e-mail com nome completo e o número do CPF da vítima. Outro problema
hoje é o reaproveitamento de senhas: para não ter de cadastrar
várias senhas diferentes, o usuário acaba usando a mesma senha para
vários sites, o que pode torná-lo uma vítima em potencial", diz
Assolini.
Ele lembra que, devido ao crescente número de usuários, os sites
de relacionamento, como Orkut, Facebook e Twitter, são um dos
principais vetores de distribuição de ataques. "O cibercriminoso vai
onde tem gente, igual a um vendedor. Onde não tem gente, ele não vai
concentrar seus esforços. As redes sociais se tornam um dos
principais alvos e essa é uma tendência para o futuro. Ao usuário
recomendamos sempre tomar cuidado com o que clica. Um mês atrás, por
exemplo, detectamos uma ameaça de antivírus falsa no Twitter
utilizando URLs compactadas no Google." Os especialistas afirmam que
uma proteção ampla, não apenas um antivírus, é uma das principais
armas do usuários no combate ao cibercrime.
"Eles (os usuários brasileiros) têm pouco conhecimento de
informática e acreditam que apenas uma atitude preventiva pode
proteger. Ou seja, 'eu não entro em site pornô, eu não vou ser
contaminado', 'eu não baixo software pirata, eu não vou ser
contaminado'. Isso só não basta porque já vimos sites legítimos
contaminados, como portadores de códigos maliciosos. As mensagens
contaminantes vêm até nós, não precisamos buscar lá fora", afirma.
Para Martinelli, a mudança de comportamento em relação às ameaças
digitais deve começar dentro de casa. "Quando se fala de proteção da
família, na verdade, se fala da proteção de cada indivíduo da
família, eventualmente até quem não sabe usar computador. E as
empresas de segurança têm essa missão, de modo que o brasileiro se
torne cada vez mais sensato e consciente de que ele tem de estar
protegido."
Os pais, de acordo com os especialistas, devem se concentrar
também no acesso dos filhos à internet. O "controle" não
significaria broncas ou proibições, mas sim um "gerenciamento", a
partir do uso de produtos com funções que permitam a limitação do
tempo de navegação ou que previnam a visualização de conteúdos
inadequados ou sites de apostas ou compras online. "Seu filho
conversa com um amiguinho no MSN, e, ingenuamente, pode passar dados
sensíveis, como o endereço residencial ou o número de telefone, e
ficar exposto aos ataques de criminosos. Torna-se, portanto,
fundamental uma proteção específica para esse público", afirma o
analista de malware Fábio Assolini.
Na tentativa de incentivar um novo comportamento entre as
famílias brasileiras, a Kaspersky Lab mirou os usuários de redes
domésticas e lançou um produto chamado Pure Total Security, que visa
garantir a segurança online da família a partir da configuração de
todos os computadores da residência a partir de um só PC.
Terra