A interligação de componentes eletrônicos ao corpo humano é um trabalho
em andamento - ainda não é uma realidade prática, mas tampouco pode ser
classificada como um sonho.
Os
chips neurais representam a face mais avançada desse conceito, que
também já conta com
próteses biônicas e com todos os avanços da
biomecatrônica.
Agora, um grupo de cientistas indianos acaba de dar um verdadeiro
salto nesse campo florescente de pesquisas: eles descobriram como
fabricar um
memristor usando células do sangue humano.
Memristor
Um memristor é uma espécie de
elo perdido da eletrônica, um quarto componente que possui
características que não podem ser reproduzidas com os três componentes
tradicionais - resistores, capacitores e indutores.
Um memristor é um componente passivo de dois terminais. Ele funciona
de forma parecida com um resistor mas, em vez de ter uma resistência
fixa à passagem da corrente elétrica, sua capacidade de conduzir
corrente depende da tensão que lhe foi aplicada anteriormente - em
outras palavras, ele retém uma memória da corrente que circulou por ele
previamente.
Como seu funcionamento lembra muito o comportamento de organismos
vivos muito simples, os cientistas comparam os memristores a "sinapses
artificiais", que poderão ser usadas para criar computadores capazes
de aprender: eles já o estão utilizando para tentar
reproduzir o cérebro de um gato.
Contudo, apesar de todas as comparações, um memristor tradicional
continua sendo um componente inorgânico, feito com nanofios de dióxido
de titânio.
Componente eletrônico biológico
Agora, S.P. Kosta e seus colegas do Education Campus Changa,
na Índia, criaram um memristor líquido a partir do sangue humano - e
eles já estão estudando a viabilidade de construírem diodos e
capacitores também a partir de outros fluidos orgânicos humanos.
Eles construíram o memristor biológico usando um tubo de ensaio de 10
mililitros cheio de sangue humano, mantido a 37 graus Celsius. Dois
eletrodos foram inseridos no tubo de ensaio e devidamente ligados a
equipamentos de controle e medição.
O bio-memristor mostrou uma variação na sua resistência elétrica em
função da magnitude e da polaridade de uma tensão aplicada previamente -
seu efeito memória foi mantido por até cinco minutos.
Depois de demonstrar o funcionamento do memristor no tubo de ensaio,
os cientistas queriam saber se o mesmo comportamento poderia ser
observado em um dispositivo no qual o sangue estivesse fluindo, e não
parado.
E a resposta foi positiva: o memristor funcionou no fluxo de sangue.
Lógica biológica
O próximo passo da pesquisa será desenvolver uma versão miniaturizada
do memristor biológico, usando um
chip microfluídico onde uma quantidade ínfima de sangue percorra
microcanais escavados em uma pastilha de vidro.
Isto permitirá a conexão de vários memristores para formar um
circuito lógico, capaz de processar informações.
Mais no futuro, o desafio será conectar o biochip ao corpo de um
animal para que as computações possam ser feitas usando os fluidos
orgânicos que mantêm o animal vivo.
Inovação Tecnológica