O trabalho de Macedo levou cerca de dois anos para ser
concluído. A primeira etapa foi a manipulação do material
apreendido para encontrar fragmentos de insetos que pudessem
servir de pista para localizar a origem da droga. Macedo
descobriu pedaços de formigas, besouros e marias-fedidas.
Depois, procurou entomologistas (que estudam insetos)
especializados em cada uma dessas espécies para identificar
o habitat.
Uma das principais dificuldades, segundo o
pesquisador, foi conseguir a liberação da droga para o
estudo. “A gente pegou a maconha, fruto de apreensões que já
estavam sob a guarda do Poder Judiciário. Fui muito bem
recebido no Tribunal de Justiça do DF [TJDF], mas tive
problemas para conseguir amostras em outros estados. Por
isso, limitamos a pesquisa ao DF. É um tópico muito
delicado, porque envolve muita responsabilidade, há um
receio de que a amostra possa desparecer”, explicou ele.
Para o pesquisador, a descoberta pode ser mais uma
ferramenta de investigação, além dos métodos já existente
para o combate ao tráfico de drogas no país. “Ainda é uma
pesquisa inicial, mas poderíamos analisar qual é a fonte de
abastecimento de determinados centros urbanos. É uma
alternativa interessante, toda metodologia nova tem um
valor, principalmente quando a polícia se depara com um caso
muito complicado. Quanto mais possibilidades, melhor”,
afirmou.
A metodologia usada na pesquisa só poderia ser replicada
em drogas não sintéticas e pouco processadas. “A maconha é
fumada quase sem processamento nenhum, por isso ela vem com
uma quantidade grande de insetos porque, nesse meio, não é
comum o uso de agrotóxicos”, explicou o acadêmico. A
pesquisa foi desenvolvida como dissertação do mestrado de
Macedo na UnB, que pretende continuar estudando o assunto no
nível de doutorado.
O uso de insetos para levantar provas de crimes já é um
procedimento de investigação adotado em muitos países do
mundo e aceito pela Justiça por causa da confiabilidade
científica. Há, inclusive, um ramo de estudo específico, a
entomologia forense. Com a análise de larvas encontradas em
cadáveres em estado de decomposição é possível, por exemplo,
determinar quando o crime foi cometido.
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