Se o que você busca é
privacidade, saia agora
mesmo das redes sociais.
Cada vez mais seus dados -
desde os pessoais até os
psicológicos - estão
expostos. E já tem quem faça
uso desses dados de formas
inusitadas: uma tese de
doutorado da Universidade de
Cambridge, na Inglaterra,
virou aplicativo do Facebook
e já analisou a
personalidade de 6 milhões
de usuários do site. Ainda
não é um produto comercial,
mas em breve deve atrair a
atenção das empresas que
estão de olhos nos dados de
potenciais clientes.
O
programa separa as pessoas
de acordo com suas
características psicológicas
e, a partir daí, permite que
diferentes grupos recebam
atenção por motivos
específicos. "A
personalidade é a influência
mais forte no comportamento
das pessoas. Os dados dos
usuários nos ajudam a prever
seus comportamentos
futuros", conta Stephen
Haggard, diretor de negócios
da myPersonality Research, a
empresa incubada no Centro
de Psicometria da
Universidade de Cambridge
que é responsável pelo
aplicativo myPersonality.
Segundo Haggard, essa
invasão de privacidade não é
necessariamente ruim. Se por
um lado essa exposição ajuda
as empresas a descobrirem
como 'vender' para
potenciais consumidores, por
outro ela pode trazer
diretamente até a sua tela
informações que você esteja
procurando. "É uma troca:
você usa a plataforma e a
empresa usa seus dados",
compara Haggard.
Ele lembra que isso não é
nenhuma novidade e que o
Google tem acesso a dados
pessoais de todos os
usuários do Gmail há mais de
10 anos. "Eu particularmente
acho que é uma troca bem
interessante. Por enquanto,
não vejo motivo para me
preocupar. Quem se sente
incomodado, porém, tem de
avaliar o custo-benefício do
uso da ferramenta."
Enquanto todos nós
passamos tempo socializando
online, encontros entre
marqueteiros e especialistas
do Facebook ocorrem offline.
A ideia é mostrar para as
empresas o caminho para
conquistar novos clientes
usando dados disponíveis no
site. "As empresas estão
mudando a forma como se
relacionam com os clientes
e, consequentemente, o modo
como operam no mercado", diz
John Lamphiere, gerente de
vendas do Facebook para
Europa, Oriente Médio e
África.
E tem mais: o Facebook,
que hoje tem acesso a uma
fonte riquíssima de dados
cada vez mais
contextualizados, permite
que os departamentos de
marketing das empresas vejam
dados bastante valiosos de
seus usuários ¿ e isso não é
segredo para ninguém. "A
criação de novas
oportunidades está
acontecendo muito
rapidamente e as empresas
que reconhecem que a web é
organizada em torno das
pessoas estão ganhando uma
vantagem competitiva clara",
destaca Lamphiere.
Boa parte das novidades
apresentadas há duas semanas
na f8, a conferência para
desenvolvedores do Facebook,
refoça justamente essa
possibilidade de novos
negócios para empresas. De
certa forma, o fato de se
compartilhar diferentes
ações e dados no site já os
tira da categoria 'privados'
- sempre que se 'curte' algo
ou se faz um comentário, por
exemplo, isso vira
'público'.
O fato de o usuário agora
poder ir além do 'curtir' e
se expressar por meio de
outros verbos aumenta ainda
mais essa exposição. "Os
dados serão muito mais ricos
e isso traz novas
possibilidades de
aproveitamento das
informações", avalia
Lamphiere. Agora é com você:
vai querer continuar nas
redes sociais?