A internet "não desempenha um papel significativo" para atrair muçulmanos à rede terrorista Al Qaeda, constata um relatório do Ministério do Interior do Reino Unido divulgado neste domingo.
O relatório - um dos três sobre terrorismo encomendado em 2009 pelo então governo trabalhista - examina as fórmulas mais eficazes de captação de recrutas, assim como o perfil das pessoas suscetíveis aos interesses das causas extremistas. Diferente do que se imaginava, a internet não possui um papel determinante para a formação de novos adeptos, porém, o estudo reconhece que os contatos sociais são importantes para o recrutamento de militantes através de relações diretas com pessoas já envolvidas ou figuras de autoridade.
"Pode parecer surpreendente que a internet não desempenhe um papel fundamental na formação de novos terroristas, tendo em vista que é um meio de conexão social por excelência", assinala o documento, que explica que a tecnologia apresenta obstáculos para a formação de relações pessoais. "As relações pessoais com agentes radicalizadores, sejam colegas, ativistas encarregados de recrutamento ou figuras de autoridade moral, desempenha um papel-chave na captação de novos adeptos para causas como a da Al Qaeda", destaca o estudo.
Já quanto ao perfil das pessoas "vulneráveis" aos interesses das redes de extremistas, os pesquisadores concluem que, embora haja algumas características em comum, não há como definir um estereótipo concreto, já que isso poderia gerar "muitos falsos positivos e reafirmar o preconceito". No entanto, os mais suscetíveis às organizações terroristas são jovens entre 15 e 35 anos, que geralmente gostam de enfrentar situações de risco e são pouco comprometidos com valores morais e regras convencionais.
O relatório também mostra que esses jovens acabam procurando essas organizações em um momento "determinante" de sua vida, como depois de ter perdido o trabalho ou um ente querido em circunstâncias traumáticas. Para prevenir a formação de novos terroristas, os especialistas dizem que é importante controlar o surgimento de cenários nos quais uma figura com autoridade moral possa influenciar pessoas vulneráveis.
EFE