Em um trabalho publicado na revista científica
Proceedings of the National Academy of Sciences, os Dr.
Guoming Sun e Sharon Gerecht, explicam como o gel
poderia ser produzido em larga escala, com baixo custo
e, em pouco tempo, ser usado no tratamento de humanos.
Nos testes realizados em ratos, os pesquisadores
cobriram ferimentos abertos de queimaduras com o
hidrogel. Como controle, alguns ferimentos foram
cobertos com a substância a base de colágeno utilizada
hoje no tratamento de queimaduras humanas. Após 21 dias,
o resultado foi surpreendente: o hidrogel havia
funcionado muito mais do que o método convencional.
Estrutura de açúcar
O material gelatinoso é feito basicamente de água, de
dextran, um tipo de açúcar, e polietilenoglicol (PEG),
utilizado em diversos produtos, como cosméticos e
remédios. Após três semanas agindo, o hidrogel é
reabsorvido sem deixar vestígios. Como não contém drogas
ou componentes biológicos, ele provavelmente seria
facilmente aprovado pelo FDA, o órgão americano que
regula alimentos e bebidas.
O motivo para o bom desempenho do material seria
resultado de uma combinação de fatores. Em primeiro
lugar, a estrutura das moléculas de açúcar do hidrogel
facilitaria o acúmulo da reposta inflamatória produzida
pelo corpo. Aos poucos, essa resposta quebraria o
hidrogel e abriria espaço para o crescimento de novas
veias. Além disso, os pesquisadores acreditam que o
material pode capturar células-tronco que costumam
flutuar na corrente sanguínea e induzi-las a se
transformar nos tecidos necessários.
Outro benefício do material é que ele cobre por
completo o ferimento, evitando infecções. Quanto mais
cedo for aplicado, maiores as chances de regeneração
completa sem cicatrizes. O seu potencial de uso é
imenso, especialmente nas queimaduras graves, de
terceiro grau. Elas requerem tratamentos demorados e
que, na maioria das vezes, deixam marcas no corpo. As
cicatrizes são apenas um dos problemas, uma vez que a
pele queimada também perde pelos/cabelos.
Se tudo correr bem com os testes em ratos, em breve
os pesquisadores podem ter aprovação para testar o
material em humanos e, quem sabe, comercializá-lo em
alguns anos.